PRESENÇA DE BARTOLOMEU I NO SÍNODO, NO CONTEXTO DAS RELAÇÕES COM PATRIARCADO DE MOSCOU
Cidade do Vaticano, 21 out (RV) - Na celebração das Vésperas, no último sábado,
agradecendo o pronunciamento do patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu
I, o papa disse que sua presença era a expressão da "profunda alegria espiritual e
uma experiência viva da nossa comunhão".
Foi a primeira vez que um patriarca
ecumênico se dirigiu a uma assembléia de bispos católicos. A importância desse evento
foi sublinhada pelo secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos
Cristãos, Dom Brian Farrell, entrevistado pela Rádio Vaticano.
Dom Brian
Farrell:- "Antes de tudo, devo recordar que, para a Ortodoxia, o governo de todos
os bispos em comum com o seu chefe é muito importante. Portanto, o patriarca entendeu
como um sinal de particular significado eclesial este convite do Santo Padre, para
que ele viesse falar no Sínodo dos Bispos. Ele manifestou grande apreço por esse gesto.
Foi um momento histórico, porque foi a primeira vez que um patriarca ecumênico se
dirigiu aos bispos reunidos em Sínodo, na Igreja Católica."
P. Essa importância
aumenta, se se considerar que, na semana passada, Bartolomeu I presidiu a um encontro
de todos os chefes das Igrejas Ortodoxas no mundo, entre os quais, o patriarca ortodoxo
de Moscou Aleksej II...
Dom Brian Farrell:- "Creio que, tendo chegado
a Roma justamente no dia seguinte a esse encontro, é como se o patriarca Bartolomeu
I tivesse trazido consigo toda a força daquela comunhão que têm as Igrejas Ortodoxas."
P.
Portanto, uma esperança a mais, no que diz respeito ao tão desejado encontro entre
Bento XVI e o patriarca ortodoxo de Moscou e de todas as Rússias?
Dom
Brian Farrell:- "Tudo indica que sim. Que este encontro aconteça, mais dia menos
dia, é o que todos esperamos. Como, quando e onde será, isso deverá ainda ser definido.
Todavia, em que pesem as dificuldades, o clima mudou entre nós e o Patriarcado da
Igreja Ortodoxa Russa. De uns tempos para cá, o clima melhorou, embora não todas as
dificuldades tenham sido superadas. Cada encontro é um passo avante. Só o Senhor sabe
quando este encontro _ que seria o símbolo de uma pacificação mais completa _ se realizará."
Essas
palavras de Dom Brian Farrell adquirem um significado muito particular, se considerarmos
que no final deste mês, o cardeal-arcebispo de Paris, André Vingt-Trois, fará uma
visita a Moscou, quando se encontrará com Aleksej II.
"A visita _ diz uma nota
da Arquidiocese de Paris _ dará ao Cardeal Vingt-Trois a oportunidade de prestar homenagem
ao martírio da Igreja Ortodoxa russa, durante o regime soviético, e às obras da mesma
na sociedade pós-comunista."
O programa da visita prevê uma conferência do
Cardeal Vingt-Trois em Moscou, e uma etapa nas ilhas Solovki, lugar do martírio de
numerosos sacerdotes e bispos, após a revolução de 1917, além de um encontro com a
comunidade católica de Moscou.
Nas semanas passadas, o cardeal-arcebispo de
Nápoles, Crescenzio Sepe, acompanhado pelo responsável pelo setor ecumênico da Conferência
Episcopal Italiana, Dom Vincenzo Paglia, visitaram a capital russa e mantiveram encontros
oficiais com membros do Patriarcado de Moscou. Precedentemente, o mesmo fora feito
pelo cardeal-arcebispo de Milão, Dionigi Tettamanzi. (AF/SP)