EU: estratégia comunitária de combate às alterações climáticas contestada por alguns
países.
(21/10/2008) Dez países da União Europeia (UE) voltaram ontem à carga para contestar
as grandes linhas da estratégia comunitária de combate às alterações climáticas, pondo
em risco a ambição europeia de liderar o debate a nível mundial. Esta contestação,
que já tinha marcado o debate dos líderes dos Vinte e Sete sobre a protecção do clima
durante a cimeira europeia da semana passada, foi renovada pelos seus ministros do
Ambiente, que ontem iniciaram as verdadeiras negociações sobre a matéria.
Apesar
da controvérsia, e das ameaças de veto da Itália e Polónia, os líderes assumiram o
objectivo de chegar a acordo até Dezembro. Isto para poderem dar o exemplo ao resto
do mundo, apresentando-se à conferência das Nações Unidas que arranca a 1 de Dezembro
em Posnan, na Polónia, com uma posição definida e clara na perspectiva das negociações
internacionais que arrancarão em 2009 para a renovação do acordo mundial de protecção
do clima - o Protocolo de Quioto - depois de 2012.
Oficialmente, os Vinte
e Sete mantêm os objectivos que definiram há um ano no sentido de reduzir as emissões
de CO2 (Dióxido de carbono, um “gás de efeito estufa.”) em 20 por cento até
2020 face aos valores de 1990, aumentar as energias renováveis para 20 por cento de
total e melhorar a eficiência energética em 20 por cento. Os problemas surgiram
com as propostas legislativas apresentadas desde então pela Comissão Europeia para
atingir estas metas. Bruxelas propõe que a partir de 1 de Janeiro de 2013 as indústrias
pesadas da UE passem a comprar em leilão as licenças de emissão de CO2 de uma forma
que lhes permitirá reduzir este tipo de poluição em 21 por cento em 2020 face aos
valores de 2005.
Ao mesmo tempo, os Estados deverão reduzir conjuntamente
10 por cento das emissões dos sectores excluídos do sistema de comércio de emissões
- transportes, agricultura, aquecimento.
A Alemanha exige sem apelo nem
agravo a exclusão de uma série de sectores industriais - aço, química, cimento, cal
- do mecanismo do leilão, de modo a preservar a sua competitividade internacional.
Para estes sectores, os alemães, com o apoio dos austríacos, exigem a atribuição de
licenças de emissão gratuitas.