Cabul, 21 out (RV) - Afeganistão: os talebãs reivindicaram o assassinato de
uma agente humanitária, morta por dois homens que circulavam em moto na manhã de ontem
na zona Oeste de Cabul. Os assassinos conseguiram fugir.
“Assassinamos esta
mulher estrangeira em Cabul e assumimos a responsabilidade. Nós a matamos porque trabalhava
para uma organização que pregava o cristianismo no Afeganistão”, afirmou Zabihulah
Mujahid à agência de imprensa francesa France Press.
Gayle Williams, de 34
anos, tinha dupla nacionalidade: britânica e sul-africana. Estava no Afeganistão há
ano e meio a serviço de uma Organização Não-Governamental envolvida na formação profissional
de pessoas deficientes, a Serve Afghanistan.
O presidente da ‘Serve’, Mike
Lyth, negou que Gayle tivesse qualquer atuação religiosa e que a ONG pregue o cristianismo.
Ele afirmou que a funcionária havia se mudado para Cabul há pouco tempo, fugindo da
falta de segurança em Kandahar, onde trabalhava.
“Estamos desolados pela perda
de Gayle, que era uma menina adorável”, disse Lyth. “Ela sentia que havia encontrado
seu lugar, trabalhando com afegãos”.
Em agosto deste ano, grupos de ajuda
humanitária denunciaram que ataques contra seus funcionários haviam forçado a retirada
de suas equipes do país. No mesmo mês, um japonês foi encontrado morto e quatro funcionários
da organização International Rescue Committee, baseada em Nova York, foram mortos
num ataque ao veículo em que estavam.
Os talibãs, desde que foram derrubados
do poder, no final de 2001, por uma coalizão internacional liderada pelos Estados
Unidos, promovem uma insurreição. Nos últimos dois anos, os confrontos duplicaram
de intensidade, apesar da presença de 70 mil soldados de duas forças multinacionais,
uma da OTAN, outra sob comando norte-americano (Operação Liberdade Duradoura).
De
janeiro a setembro deste ano, vinte e oito trabalhadores já perderam a vida e 72 foram
seqüestrados. (CM)