INTIMIDADOS, CRISTÃOS SE CONVERTEM AO HINDUÍSMO NA ÍNDIA

Nova Delhi, 18 out (RV) - Segundo a Conferência Episcopal Indiana, desde o fim de agosto, 60 cristãos foram mortos na Índia em violências inter-religiosas, na seqüência do assassínio de um líder fundamentalista hindu.

Os números deste balanço são quase o dobro do balanço oficial emitido pelo governo federal indiano, que até o momento cita 35 mortos, entre cristãos e hindus, no estado de Orissa.

“Condenamos o homicídio de mais de 60 cristãos, as agressões e as perseguições contra os cristãos, que amam a paz” – diz um comunicado dos bispos indianos divulgado ontem em Nova Délhi.

No último domingo, Bento XVI exortou os fundamentalistas hindus a renunciar à violência contra os cristãos na Índia e unir-se a seus irmãos e irmãs para construírem juntos uma civilização de amor. Em resposta, o partido nacionalista hindu, Bharatiya Janata Party (Bjp), afirmou que a Índia ‘é um país soberano’.

As violências se desencadearam em Orissa depois do assassinato de um expoente do Conselho Mundial Hinduísta. A polícia atribuiu o crime aos rebeldes maoístas, mas os nacionalistas hindus culparam a comunidade cristã.

Entretanto, dezenas de cristãos residentes em Orissa decidiram se converter à fé hinduísta, intimidados pelo clima de tensão e os atritos dos últimos dias. Algumas conversões teriam sido ‘voluntárias’, mas ao que parece, na maior parte dos casos, foram forçadas.

Segundo um funcionário do distrito de Kandhamal, foram registradas cerca de 50 denúncias de cristãos ‘obrigados a se converter ao hinduísmo para salvar a vida e os próprios bens’.

O presidente do Conselho global dos cristãos indianos afirmou que as ‘conversões forçadas’ na região podem ser mais de 600 e o fenômeno corre o risco de se transformar em um verdadeiro alarme social. Nas últimas semanas, a tensão entre a comunidade cristã e a hinduísta aumentou de modo exponencial.

Segundo o último censo, de 2001, em toda a Índia, os cristãos representam uma minoria exígua, de 2,3%. 80,5% da população é hinduísta e 13,4% professam a fé muçulmana. (CM)