SÍNODO: VERBO DIVINO NÃO É PROSELITISMO, MAS LIBERDADE DE APRESENTAR VALORES SALVÍFICOS
DO EVANGELHO
Cidade do Vaticano, 17 out (RV) - A XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo
dos Bispos, sobre o tema "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja" chegou
esta manhã à sua 18ª congregação geral. Os trabalhos centralizaram-se nos primeiros
relatórios dos círculos menores, divididos em cinco áreas lingüísticas: italiano,
francês, inglês, espanhol e alemão.
Ouçamos o enviado do Programa Brasileiro
à assembléia sinodal, Pe. Cesar Augusto dos Santos
Esses e outros
temas serão afrontados nas proposições finais do Sínodo.
Concluindo os trabalhos
desta manhã, os padres sinodais reafirmaram o direito de todos, de receber o anúncio
do Verbo divino, sublinhando que não se trata de proselitismo, mas sim da liberdade
de apresentar a todos os valores salvíficos do Evangelho.
Os padres sinodais
pediram maior atenção para com os pobres, os marginalizados, os deficientes e os surdos-mudos,
e um maior reconhecimento para com as associações e grupos que promovem os direitos
humanos.
Mas voltemos aos temas colocados em debate esta manhã, dentre os quais
destacamos a lectio divina, sobre a qual nos fala o prior da Comunidade Monástica
de Bose, Pe. Enzo Bianchi, que participa dos trabalhos na qualidade de especialista.
A ele perguntamos qual é a contribuição da sua comunidade à assembléia sinodal...
Pe.
Enzo Bianchi:- "Essencialmente, creio, a longa experiência da lectio divina,
um caminho que eu e minha comunidade quase que inauguramos, 40 anos atrás, e que hoje
é recomendado pelo papa, como caminho privilegiado para o encontro com o Senhor Jesus.
A nossa fé é uma fé segundo as Escrituras e, conseqüentemente, não se pode encontrar
Jesus sem conhecer os Evangelhos que falam d'Ele e que O testemunham. Nesse sentido,
creio que será necessário realmente, que o Sínodo encoraje a lectio divina
e que ela possa ser considerada como algo de específico e de perseverante na comunidade
cristã."
P. Padre, durante os trabalhos sinodais se falou freqüentemente
sobre o diálogo religioso, de modo particular com o Islamismo e o Judaísmo, mas também
com o Budismo e o Hinduísmo e até mesmo com o Confucionismo. Nesse contexto, foram
ressaltados os valores comuns, entre os quais a vida monástica... Pe.
Enzo Bianchi:- "Sim, existem valores comuns que são certamente vias de espiritualidade,
entre as quais a vida monástica. Todavia, é preciso ter presente a especificidade
do Cristianismo. No coração do Cristianismo não existe um caminho ético, um caminho
disciplinar, um caminho de espiritualidade, mas existe Jesus Cristo, existe realmente
um Deus feito homem, vindo em meio a nós, e é o Salvador do mundo. Eu creio que nós,
cristãos, temos efetivamente o dever de dialogar com todos, mas mantendo essa certeza
no coração, porque a nossa experiência é uma experiência de salvação feita justamente
por causa do Senhor vivo, Jesus." (AF)