RELATOR-GERAL DO SÍNODO AFIRMA: HOMEM CONTEMPORÂNEO VIVE SEM DEUS E ABRE PORTAS A
NOVAS FORMAS DE ESCRAVIDÃO
Cidade do Vaticano, 16 out (RV) - Na 17ª congregação geral da assembléia sinodal
em andamento no Vaticano, foi apresentada aos padres sinodais, na tarde desta quarta-feira,
uma proposta de reflexão da qual constam 19 quesitos. A proposta foi apresentada pelo
Relator-geral do Sínodo, o cardeal canadense Marc Ouellet, que proferiu em latim sua
Relatio post disceptationem, concluídos os pronunciamentos dos demais participantes
da assembléia.
Como fazer com que os fiéis compreendam melhor que a Palavra
de Deus é Cristo? Como elaborar um compêndio para a redação de homilias? Como conciliar
diálogo inter-religioso e afirmação dogmática sobre a unicidade de Cristo? Como formar
os fiéis _ e não apenas eles _ para a Lectio Divina? Não são questões simples as que
o Cardeal Ouellet propôs aos padres sinodais, mas são quesitos que retratam os pontos
de vistas e dúvidas surgidos até aqui, no decorrer dos trabalhos sinodais.
O
cardeal recordou, em seu relatório, o papel dos carismas, que permitem viver o Verbo
divino de modo criativo, em tempos diversos e em culturas diversas. Além disso, sublinhou
como fundamental, a capacidade do Evangelho, de curar as feridas do homem contemporâneo,
que vive como se Deus não existisse e se distancia da Graça, abrindo as portas a novas
formas de escravidão.
A propósito do diálogo, o Cardeal Ouellet argumentou
que tanto no diálogo ecumênico, quanto inter-religioso e intercultural, o referencial
permanece sendo a Bíblia, terreno de unidade, no qual podem ser superadas as divisões,
mesmo em regiões da África, Ásia e América Latina, nas quais são fortes as tradições
locais.
De modo particular, o relator referiu-se ao diálogo com os judeus
e com os muçulmanos. Em relação aos primeiros _ sublinhou _ a relação toca o próprio
coração da Igreja e do mistério da fé. Quanto ao diálogo com os muçulmanos, deve basear-se
em princípios comuns, tais como a resistência à secularização e a afirmação da importância
social da religião Em todo o caso _ afirmou o cardeal _ vale a regra de ouro do
respeito recíproco: "Verbum dei locum essentialem pariter obtinet cum culturis modernis…
"
O Cardeal Ouellet dedicou um parágrafo especial à relação entre a Palavra
de Deus e as culturas modernas, indicando que a primeira pode ser o fermento das últimas.
A tarefa dos cristãos, então, é a de alimentar os laços entre ciência e fé, de permanecer
ativos na vida pública, e de testemunhar sua fé com palavras e fatos.
No que
diz respeito ao acesso às Sagradas Escrituras, o cardeal-arcebispo de Québec pediu
que o Sínodo encorajasse a difusão da Palavra de Deus por meio das modernas técnicas
de comunicação, tais como a Internet, e favorecesse a tradução da Bíblia também nas
línguas menos conhecidas. (AF)