2008-10-16 12:19:47

Nos 10 anos da Encíclica "Fides et ratio", Bento XVI recorda a ajuda que a fé e a razão hão-de fornecer à ciência, para que esta se mantenha ao serviço do homem


(16/10/2008) A dez anos da publicação, por João Paulo II, da Encíclica “Fides et Ratio”, a Pontifícia Universidade Lateranense promoveu nestes dias em Roma um Congresso Internacional sobre esse tema. Recebendo no Vaticano os trezentos participantes nessa iniciativa, Bento XVI sublinhou “a perdurante actualidade” daquela Encíclica do seu predecessor, tecendo aprofundadas considerações sobre o valor da “razão” e os princípios éticos a que não se pode eximir a investigação científica.
Sublinhando a “largura de vistas e profundidade” de que dá provas, naquele documento, João Paulo II, o actual pontífice recordou que, num período em que se teorizava a debilidade da razão, a Encíclica sublinhava a “importância de conjugar fé e razão na sua relação recíproca, embora no respeito da esfera de autonomia própria de cada uma”.
“Com este magistério, a Igreja fez-se intérprete de uma exigência que emerge no actual contexto cultural. Quis defender a força da razão e a sua capacidade de alcançar a verdade, apresentando uma vez mais a fé como uma forma peculiar de conhecimento, graças à qual uma pessoa se abre à verdade da Revelação”.
Como escreve João Paulo II na “Fides et Ratio”: “É a fé que provoca a razão a sair do seu isolamento e a correr riscos por tudo o que é belo, bom e verdadeiro. A fé advoga assim, de modo convicto e convincente, a razão”. Por outro lado, a busca da verdade, para dar frutos, há-de ser alimentada pelo amor à verdade. Como diz Santo Agostinho, “nenhum bem é perfeitamente conhecido se não se amar perfeitamente”.
Bento XVI advertiu, contudo, que se verificou “um deslizar, de um pensamento predominantemente especulativo para um mais experimental”, em que “o desejo de conhecer a natureza se transformou na vontade de a reproduzir”. Ora, sublinhou ainda o Papa, “a ciência não tem condições para elaborar princípios éticos”. “Pode apenas acolhê-los e reconhecê-los como necessário para debelar as suas eventuais patologias”.
“Neste contexto, a filosofia e a teologia tornam-se ajudas indispensáveis com as quais confrontar-se para evitar que a ciência proceda isoladamente por caminhos tortuosos, cheios de imprevistos e de riscos. O que não significa, de modo algum, limitar a investigação científica ou impedir a técnica de produzir instrumentos de desenvolvimento. Trata-se, isso sim, de manter desperto o sentido de responsabilidade que possuem a razão e a fé, em relação à ciência, para que esta permaneça no sulco do seu serviço ao homem”.









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