2008-10-16 14:52:13

Mais do que estudos científicos, é preciso uma justiça social efectiva para pôr termo à fome no mundo - sublinha Bento XVI na sua mensagem ao Director da FAO, Jacques Diouf, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação que se assinala hoje.


(16/10/2008) Ocorre hoje, 16 de Outubro, o Dia Mundial da Alimentação, este ano sobre o tema “Segurança Alimentar Mundial: os desafios da mudança climática e da bioenergia”. O objectivo é submeter uma vez mais à atenção da comunidade internacional o impacto da mudança climática sobre a produção agrícola, de modo particular sobre as zonas mais vulneráveis do ponto de vista da escassez das chuvas. Mudanças que influem não só sobre a agricultura, mas também sobre a pesca, sobre as pastagens, sobre a produtividade das florestas e mesmo sobre parasitas e doenças. Muitas empresas agrícolas correm o risco de desaparecer.
A ideia de utilizar alguns produtos agrícolas como o milho para produzir carburantes, supostamente mais limpos, interfere negativamente sobre a segurança alimentar, na medida em que ocupa terrenos que deveriam ser utilizados para a agricultura destinada à alimentação. Perante esta grave situação, o Dia da Alimentação volta a chamar a atenção sobre a existência de cerca de 900 milhões de pessoas sem alimentação adequada. A maior parte delas vive em zonas rurais, onde a agricultura é a principal fonte de sustento.

Numa mensagem dirigida ao Director da FAO, Jacques Diouf, para este Dia da Alimentação, o Papa Bento XVI sublinha o momento difícil que se está a viver do ponto de vista alimentar, quando a disponibilidade de alimentos para todos parece ser suficiente. Situação que as condições climáticas vêm agravar ainda mais, pondo em perigo a sobrevivência de milhões de pessoas, obrigadas a abandonar as próprias terras para procurar alimentos noutras regiões. O Papa recorda que é preciso eliminar as causas que impedem o respeito autentico da dignidade da pessoa. Os meios e os recursos de que o mundo dispõem hoje podem garantir alimentação suficiente a todos os habitantes da terra, remata o Pontífice.
Os motivos desta situação, em que coexistem lado a lado a abundância e a penúria são numerosos – recorda Bento XVI - nomeando por um lado a corrida ao consumo e por outro a falta de vontade em concluir negociações e a travar o egoísmo dos Estados e de grupos de países ou para pôr termo às especulações desenfreadas que mexem com o mecanismo dos preços alimentares. O Papa indica ainda a ausência duma administração correcta dos recursos alimentares causada pela corrupção na gestão da coisa pública ou pelo investimento desenfreado em armamentos e tecnologias militares sofisticadas em detrimento das necessidades primárias das pessoas.
Tudo isto tem origem numa falsa visão dos valores que devem nortear as relações internacionais, a tendência a privilegiar os bens materiais esquecendo a verdadeira natureza da pessoa humana e as suas aspirações mais profundas. O resultado é a incapacidade de tomar em consideração a situação dos pobres.
Mais do que estudos científicos, uma campanha eficaz contra a fome requer – diz o Papa – requer um empenho na promoção duma justiça social efectiva nas relações entre os povos com a consciência de que os bens da criação são para todos.









All the contents on this site are copyrighted ©.