Reforçar o investimento internacional na ajuda humanitária, pede o Alto Comissário
da ONU para os Refugiados
(11/10/2008) O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, defendeu
que os países que estão a gastar milhões em pacotes de recuperação financeira deviam
antes investir na ajuda aos mais afectados pela crise mundial. O ex-primeiro-ministro
português defendeu que as pessoas que estão a ser expulsas das suas casas são os principais
prejudicados pela desaceleração económica. Para Guterres, no mundo actual, que
enfrenta a crise financeira mas também um aumento dos conflitos, dos desastres naturais,
dos movimentos migratórios e dos preços dos alimentos e da energia, "as necessidades
humanitárias estão a crescer". "Vamos resgatar os sistemas financeiros, mas não
vamos esquecer que para além disso também existem pessoas que precisam (de ajuda humanitária)",
disse. "Estamos a falar de pequenas migalhas quando comparamos a ajuda humanitária
com os pacotes de ajuda financeira", afirmou Guterres, recordando os vários milhões
de dólares investidos em planos de ajuda ao sistema financeiro. "Não existem pessoas
mais desamparadas do que os refugiados", referiu. "Eles não têm sequer o seu próprio
país para os ajudar", reforçou. Actualmente, o Alto Comissariado das Nações Unidas
para os Refugiados (ACNUR) dispõe de cerca de 1,6 mil milhões de dólares para ajuda
humanitária, o que representa um aumento em cerca de 50 por cento face aos dois últimos
anos, segundo o Alto Comissário. De acordo com António Guterres, se o número de
refugiados e de pessoas a viverem em situação de extrema pobreza aumentar durante
o próximo ano e os programas de ajuda obtiverem cada vez menos fundos, a situação
poderá ficar "dramática". No final do ano passado existiam 11,4 milhões de refugiados
em todo o mundo, um número global que está a aumentar, segundo os dados da ACNUR.
A organização referiu ainda que ajuda cerca de 14 milhões de deslocados.