SINODO 2008 : "O mistério da incarnação da Palavra de Deus deve prosseguir
hoje, na Igreja, através do sim dos seus filhos que incarnam, na vida, a palavra salvadora
de Deus”.
(11/10/2008) A Palavra de Deus incarna-se no tempo e na história que nos é dado viver,
tornando-se eficaz e sendo escutada só se se traduz em caridade, se entra em relação
com os dramas e esperanças dos homens de hoje: sublinhou o cardeal Crescenzio Sepe,
arcebispo de Nápoles, cidade bem conhecida mesmo a nível internacional pelas suas
situações de emergência. O purpurado não tocou tanto os aspectos exegéticos ou
teológicos sobre a Palavra de Deus – tema desta assembleia sinodal. Falou antes do
anúncio como relação viva com a história e com o sofrimento do homem, na vida quotidiana.
Só assim, disse, a Escritura vive e volta a falar às pessoas. É necessário “incarnar
a Palavra de Deus no tempo e na história que nos é dado viver” – lê-se na síntese
da intervenção, que foi divulgada. “Observar a Palavra significa antes de mais, como
nos ensinou Jesus, testemunhá-la com a própria vida e traduzi-la em obras de caridade.
Mesmo os aprofundamentos exegéticos, as múltiplas iniciativas catequéticas e todos
os esforços visando um maior conhecimento correm o risco de não dar fruto se a Palavra
não for vivida com coerência na vida quotidiana”. “Para superar o drama da separação
entre a fé e a vida e para fazer com que da Palavra brotem gestos e obras de caridade
– prosseguiu o arcebispo de Nápoles – há que ir às nascentes, ou seja, à caridade:
só o caridade vivida e praticada pode cimentar o tecido eclesial e abrir o caminho
ao amor concreto. Os muitos pobres no corpo e no espírito, os pobres que enchem os
caminhos das nossas cidades, os lugares do sofrimento como são os hospitais e as cadeias,
representam outras tantas provas concretas da fidelidade à Palavra e da nossa capacidade
de conformar a nossa existência com o “Evangelho vivo”, mais eloquente do que quaisquer
palavras, porque se tornou “carne e sangue”. O cardeal Sepe citou Paulo VI, que
escreveu: “O homem de hoje escuta mais facilmente as testemunhas do que os mestres;
e se escuta os mestres, é porque são testemunhas”. Há que reafirmar esta verdade elementar,
mas tantas vezes ignorada – advertiu o arcebispo de Nápoles. “É preciso que também
os padres, os diáconos e os catequistas sintam cada vez mais a urgência de confrontar-se
seriamente com a Palavra de que são servidores”. “O mistério da incarnação da Palavra
de Deus deve prosseguir hoje, na Igreja, através do sim dos seus filhos que incarnam,
na vida, a palavra salvadora de Deus”.