BENTO XVI PROCLAMARÁ QUATRO NOVOS SANTOS DA IGREJA: EXEMPLOS DE VIDA PARA OS NOSSOS
DIAS
Cidade do Vaticano, 10 out (RV) - O próximo domingo será dia de festa para
a Igreja, com a inscrição de quatro bem-aventurados no álbum dos santos. A cerimônia
de canonização, a ser celebrada no átrio da Basílica de São Pedro, será presidida
por Bento XVI.
Os bem-aventurados que serão declarados novos santos da Igreja
Católica são: Afonsa da Imaculada Conceição (Ana Muttathupadathu), primeira santa
indiana; Maria Bernarda Bütler, suíça, evangelizadora na Colômbia e Equador; Narcisa
de Jesús Martillo Morán, equatoriana; e o sacerdote italiano, Pe. Caetano Errico.
Neste
momento de duras perseguições e violências contra os cristãos na Índia, a canonização
de Afonsa da Imaculada Conceição, religiosa da Congregação das Clarissas da Ordem
Terceira de São Francisco, reveste-se de especial importância.
Afonsa da Imaculada
Conceição nasceu em Kudamaloor, Arquidiocese de Changanacherry, estado de Kerala,
em 19 de agosto de 1910. Ficou órfã de mãe quando era ainda muito pequena e foi educada
por uma tia, que sonhava para ela, um "bom matrimônio". Ana, todavia, desejava ardentemente,
dedicar sua vida a Cristo, a exemplo de Santa Teresa de Lisieux. Entrou para o Convento
das Clarissas, em Bharananganam, em agosto de 1928, recebendo o nome religioso de
Afonsa.
Apesar de sua saúde frágil _ que era um obstáculo para sua vida religiosa
_ ela persistiu em sua vocação e, após muitas dificuldades, emitiu os votos perpétuos
em 1936. Toda a sua vida como foi um verdadeiro holocausto a Deus: ela oferecia ao
Sagrado Coração de Jesus todos os seus sofrimentos.
Afonsa concluiu sua vida
terrena entre dores e sofrimentos. Faleceu no dia 28 de julho de 1946, aos 35 anos
de idade. Sua sepultura, em Bharananganam, é meta de milhares de fiéis e peregrinos
durante todo o ano.
Maria Bernarda Bütler, fundadora das Irmãs Franciscanas
Missionárias de Maria Auxiliadora, nasceu em Auw, Suíça, em 28 de maio de 1848, numa
família de camponeses. Em 1867 ingressou no mosteiro franciscano de Maria Auxiliadora.
Dois anos mais tarde, fez sua profissão religiosa, recebendo o nome de Maria Bernarda
do Sagrado Coração de Maria.
Em 1888, junto com seis companheiras, Maria Bernarda
partiu para o Equador, onde fundou a Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias
de Maria Auxiliadora, cujo carisma é a extensão do Reino de Deus através das obras
de misericórdia.
Sete anos mais tarde, durante a perseguição contra religiosos
liderada pelo então Presidente equatoriano, Eloy Alfaro, Madre Maria Bernarda e suas
religiosas abandonaram o país, recebendo hospitalidade em Cartagena, Colômbia, por
parte do então bispo local, Dom Eugenio Biffi. Madre Maria Bernarda permaneceu em
Cartagena até 1924, quando faleceu, aos 76 anos de idade.
Narcisa de Jesús
Martillo Morán nasceu no pequeno povoado de São José de Nobol, diocese equatoriana
de Guayaquil, em 1832, filha de agricultores.
A busca de orientação espiritual
a levou a transferir-se para Guayaquil quando tinha apenas 20 anos. A exemplo de Santa
Marianita de Jesús (que viveu de 1618 a 1645) levava uma vida pobre, alojando-se em
sótãos e porões, onde transcorria horas em oração e penitências corporais.
Considerada
santa tanto em sua pátria quanto fora dela, é venerada por muitos migrantes. Sobre
ela, eis o que nos disse Pe. Vito Tomás Gómez, postulador de sua causa de canonização... Pe.
Vito Tomás Gómez:- "A bem-aventurada Narcisa teve uma clara percepção de seu
chamado à santidade, de modo particular a partir de sua Crisma, aos sete anos de idade.
A partir de então, costumava refugiar-se num bosque próximo de sua casa, para contemplar
as realidades divinas. Enveredou por um caminho de árduas penitências, para unir-se
mais intimamente a Cristo sofredor, e colaborar para a redenção do mundo. Era uma
jovem reflexiva, amável, alegre, de caráter doce e pacífico, além de muito caridosa.
Narcisa era muito bela _ alta, loura e de olhos azuis _ e se revelou uma excelente
catequista, porque sabia, como ninguém, transmitir o fogo da fé à sua família e às
crianças dos arredores." Narcisa de Jesús Martillo Morán faleceu no dia 8
de dezembro de 1869, dia da inauguração do Concílio Vaticano I, convocado pelo papa
Pio IX, oferecendo seus últimos sofrimentos pelo sucesso daquele importante evento
eclesial.
O quarto a ser canonizado no próximo domingo, é Caetano Errico, nascido
em Secondigliano, perto de Nápoles, em 19 de outubro de 1791. Como sacerdote, aprendeu
a conhecer o coração do ser humano, caminhando com pessoas que passaram da miséria
material para a miséria moral. Visitava os doentes terminais no hospital napolitano
dos "incuráveis", e os presidiários.
Caetano foi confessor em todas as horas
do dia, até em seu leito de morte. Com a confissão, tentava mostrar a misericórdia
do amor de Deus, nos tempos em que o Jansenismo apresentava uma visão "rigorista"
da fé cristã.
Foi conselheiro espiritual de cardeais e arcebispos de Nápoles,
assim como do soberano daquele reino, Fernando. Ao mesmo tempo, porém, ele se aproximava
dos mais pobres que buscavam orientação, a todos repetindo: "Passem mais tempo aos
pés de Jesus sacramentado que aos pés do confessor."
Caetano quis fazer de
sua vida uma profecia da misericórdia de Deus. Com essa intenção, fundou a Congregação
de Missionários dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Faleceu em Secondigliano,
em 29 de outubro de 1860. (MT/AF)