PUBLICADA A MENSAGEM DE BENTO XVI POR OCASIÃO DO 95º DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO
REFUGIADO 2009
Cidade do Vaticano, 08 out (RV) - Foi publicada hoje a Mensagem de Bento XVI
para o 95° Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, 2009.
Este ano, a Mensagem
para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado tem como tema: “São Paulo migrante,
‘Apóstolo dos gentios’”, e inspira-se na feliz coincidência do Ano jubilar proclamado
em honra do Apóstolo por ocasião do bimilenário do seu nascimento. A pregação e a
obra de mediação entre as diversas culturas e o Evangelho, realizadas por Paulo, “migrante
por vocação”, constituem com efeito um ponto de referência significativo também para
aquele que se encontra empenhado no movimento migratório contemporâneo.
Tendo
nascido de uma família de judeus emigrados para Tarso da Cilícia, Saulo foi educado
na língua e na cultura hebraica e helenista, valorizando o contexto cultural romano.
Depois que, no caminho de Damasco, teve lugar o seu encontro com Cristo ele, mesmo
sem renegar as suas “tradições” e nutrindo estima e gratidão pelo judaísmo e pela
Lei, sem hesitações nem vacilações, dedicou-se à nova missão com coragem e entusiasmo,
dócil ao mandato do Senhor. De perseguidor dos cristãos, - destaca o Papa na sua mensagem
- transformou-se em apóstolo de Cristo. A sua vida e a sua pregação foram inteiramente
orientadas para fazer com que todos conhecessem e amassem Jesus, porque nele todos
os povos são chamados a tornar-se um só povo.
Também no presente, na era da
globalização, - continua a mensagem de Bento XVI - esta é a missão da Igreja e de
todo o batizado; missão que, com atenta solicitude pastoral, se dirige também ao diversificado
universo dos migrantes – estudantes fora da própria sede, imigrados, refugiados, prófugos
e deslocados – incluindo aqueles que são vítimas das escravidões modernas, como por
exemplo no tráfico dos seres humanos.
Mesmo hoje, deve propor-se a mensagem
da salvação com a mesma atitude do Apóstolo das nações, tendo em consideração as diversas
situações sociais e culturais, e das particulares dificuldades de cada um em consequência
da condição de migrante e de itinerante.
Bento XVi faz votos a fim de que
cada comunidade cristã possa nutrir o mesmo fervor apostólico de São Paulo que, para
anunciar a todos o amor salvífico do Pai, em vista de “ganhar o maior número para
Cristo”, fez-se “fraco com os fracos... tudo para todos, a fim de salvar alguns a
todo o custo”. O seu exemplo seja também para nós estímulo para nos fazermos solidários
com estes nossos irmãos e irmãs e para promovermos, em toda a parte do mundo e com
todos os meios, a convivência pacífica entre diferentes etnias, culturas e religiões.
O
Pontífice se pergunta: Mas qual era o segredo do Apóstolo das nações? – e responde
ele mesmo. O zelo missionário e a pujança do lutador, que derivava do fato de que
ele, “tocado por Jesus Cristo”, permaneceu tão intimamente unido a ele que se sentia
partícipe da sua própria vida, através da “comunhão com os seus sofrimentos”.
Nesta
perspectiva a solidariedade fraterna, que se traduz em gestos quotidianos de partilha,
de co-participação e de solicitude jubilosa em relação aos outros, adquire um relevo
singular. Todavia, não é possível realizar esta dimensão de recíproco acolhimento
fraterno, ensina sempre São Paulo, sem a disponibilidade da escuta e da recepção da
Palavra pregada e praticada, Palavra que impele todos à imitação de Cristo na imitação
do Apóstolo. E por conseguinte, quanto mais a comunidade unida estiver a Cristo, tanto
mais se tornará solícita em relação ao próximo, evitando o juízo, o desprezo e o escândalo,
e abrindo-se ao acolhimento recíproco.
Conformados com Cristo, os fiéis sentem-se
“irmãos” nele, filhos do mesmo Pai. Se estivermos conscientes disto, - destaca ainda
o Papa na sua mensagem - como não sermos responsáveis por quantos, em particular entre
refugiados e prófugos, se encontram em condições difíceis e incômodas? Como deixar
de ir ao encontro das necessidades de quem é de fato mais fraco e indefeso, assinalado
por precariedade e insegurança, marginalizado, muitas vezes excluído da sociedade?
Deve-se prestar-lhes atenção prioritária porque, parafraseando um conhecido
texto paulino, “Deus escolheu o que é louco segundo o mundo, para confundir os sábios;
Deus escolheu o que é fraco segundo o mundo, para confundir o que é forte. Deus escolheu
o que é vil e desprezível no mundo, como também aquelas coisas que nada são, para
destruir as que são. Assim, ninguém se vangloriará diante de Deus”.
Queridos
irmãos e irmãs, escreve o Pontífice, o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que
será celebrado a 18 de Janeiro de 2009, seja para todos um estímulo a viver em plenitude
o amor fraterno sem quaisquer distinções e sem discriminações, na convicção de que
o nosso próximo é quem quer que tenha necessidade de nós e a quem nós possamos ajudar.
O ensinamento e o exemplo de São Paulo, humilde-grande Apóstolo e migrante,
evangelizador de povos e culturas, nos leve a compreender que o exercício da caridade
constitui o ápice e a síntese de toda a vida cristã. O mandamento do amor – nós o
sabemos bem – alimenta-se quando os discípulos de Cristo participam unidos na mesa
da Eucaristia que é, por excelência, o Sacramento da fraternidade e do amor.
O
Papa conclui pedindo a intercessão do Apóstolo Paulo e especialmente Maria, Mãe do
acolhimento e do amor, enquanto invoca a protecção divina sobre quantos estão comprometidos
em ajudar os migrantes e, de modo mais geral, no vasto mundo da emigração; a cada
um - escreve o Papa - garanto uma recordação constante na oração e concedo afetuosamente
a Bênção apostólica. (SP)