Perante o ACNUR, o arcebispo Silvano Tomasi pede globalização da justiça
(8/10/2008) O Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas em Genebra, Suíça,
D. Silvano Tomasi, interveio perante o Comité Executivo do Alto Comissariado das
Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) comentando a crise financeira mundial, cujas
consequências recaem sobre grupos vulneráveis da sociedade. Essas consequências
- afirmou - evidenciam concretamente a falta de justiça hoje no mundo.
Para
o representante da Santa Sé, além da crise financeira, outro desafio que se apresenta
à comunidade internacional é a mudança climática, que provoca escassez de comida e
de água, a degradação do meio ambiente e o aumento dos desastres naturais.
"Somados
aos conflitos nalgumas regiões, todos esses factores resultam numa intensificação
da mobilidade humana forçada e numa incerteza quanto à nossa capacidade de garantir
a assistência e a protecção de que necessitam." Todavia, afirmou D. Tomasi, este momento
pode recordar - nos que a responsabilidade comum é realmente o factor determinante
para o futuro da "aldeia global".
Recordou que os desastres, quer naturais,
quer provocados pelo homem, expuseram milhões de pessoas a condições de extrema pobreza
e de violações dos seus direitos humanos fundamentais. Essas condições obrigaram
muitas pessoas a abandonar as suas casas, alimentando a vontade de muitas outras
a fazerem o mesmo.
Para resolver esses problemas, são necessários medidas
políticas, assistência imediata e conhecimentos técnicos. Mas não basta, "é necessária
uma clara dimensão ética, que deve ser colocada no centro do debate para tomar decisões
adequadas", destacou. A Santa Sé acompanha a actuação do ACNUR por meio de acordos
e tratados. É dever de todos os Estados examinar a realidade local e adaptar os instrumentos
jurídicos à evolução da mobilidade forçada e ás suas condições geográficas. No entanto,
D. Tomasi advertiu para o risco da intolerância por parte dos países que acolhem refugiados.
Uma situação que absolutamente se deve evitar. "A globalização da justiça e da
solidariedade é a melhor garantia de paz e de futuro comum."
Salientou depois
que a mobilidade não é um fenómeno isolado de outras realidades sociais. É o resultado
de decisões políticas e de lacunas nas acções preventivas.
Uma resposta adequada,
não é possível sem coerência nas acções das agências e dos protagonistas envolvidos.
Assim como os instrumentos jurídicos são necessários, do mesmo modo o são a cultura
da solidariedade e a eliminação das causas da mobilidade forçada.