"ECONOMIA A SERVIÇO DO HOMEM, E NÃO O CONTRÁRIO". DISCURSO NA ONU
Nova York, 07 out (RV) - O observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas,
dom Celestino Migliore, fez ontem mais um pronunciamento junto à 63ª sessão da Assembléia
Geral da Organização.
O arcebispo iniciou seu discurso expressando preocupação
pela proliferação das armas leves, dos conflitos civis e da atividade terrorista.
Muitos acreditam que a violência e as guerras podem substituir a cooperação e o diálogo
em prol do bem comum. Indo além das citadas 'falências' da humanidade, seria oportuno,
segundo dom Celestino, focalizar a atenção nas causas desta conjuntura. Para enfrentá-las,
ele sugere partir da sábia frase de Paulo VI, de 40 anos atrás: “o desenvolvimento
é o novo nome da paz”. E recorda que desde então, muitos das metas desejadas, como
a globalização da solidariedade, não foram alcançadas.
A este ponto, o arcebispo
Migliore recomendou que a próxima Conferência para o Desenvolvimento, prevista para
Doha, no Catar, seja uma oportunidade para a comunidade renovar suas promessas e a
cooperação entre países ricos e pobres. A delegação da Santa Sé – garantiu o núncio
– trabalhará com os participantes do encontro para por a economia global a serviço
das pessoas, e não o contrário.
Lembrando os 60 anos da declaração pelos direitos
humanos, o observador frisou que os direitos da liberdade de pensamento, consciência
e religião estão na base do sistema. No entanto, é freqüente que sejam subestimados
em controvérsias políticas, e as vozes dos discriminados são ouvidas somente quando
são altas demais para serem ignoradas.
Um ano atrás, a Assembléia Geral adotou
a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, e o observador pediu aos delegados
que incrementem seu esforço por um maior entendimento entre seus governos e as comunidades
indígenas.
Finalmente, dom Celestino afirmou que a esperança de sua delegação
é que esta sessão sirva para promover mais cooperação e harmonia entre todos os povos.
Nos últimos tempos, tem-se usado muita retórica, que ao invés de uni-los, os castigou
e dividiu. O anseio da Santa Sé é que os participantes revertam a sensação de suspeita
e depositem confiança na liderança comum e na compartilha de valores. Neste contexto
– recorda dom Celestino – a Unidade de Suporte e Mediação pode ser um instrumento
valoroso para restaurar a confiança perdida.
Concluindo, o observador pede
que a ONU continue a ser forjadora de respostas às necessidades do século 21. (CM)