CARD. OUELLET: "PALAVRA DEVE SER ANUNCIADA A TODAS AS NAÇÕES E CULTURAS"
Cidade do Vaticano, 06 out (RV) - Após o pronunciamento do secretário-geral,
dom Nikola Eterovic, foi a vez do relator-geral, o arcebispo de Québec, no Canadá,
cardeal Marc Ouellet, que começou seu discurso com o tema “O verbo da Nova e eterna
Aliança, Jesus Cristo”.
Nas palavras dedicadas ao diálogo da Igreja com o
‘Deus que fala’, o cardeal canadense ressaltou a tradição da Lectio divina, praxe
da contemplação gloriosa da Sagrada Escritura. A este propósito, ele disse esperar
que o Sínodo encoraje a busca de estratégias novas, simples e atraentes para desenvolver
o gosto e a prática da leitura continua, comunitária e pessoal, da Palavra de Deus.
Em
seguida, o cardeal abordou em detalhes a interpretação eclesial da Palavra de Deus,
seus elementos problemáticos, o sentido espiritual das Escrituras, e enfim, a relação
entre exegese e teologia. Dom Ouellet explicou que ambas se interessam do mesmo objeto,
a Palavra de Deus, mas com perspectivas diferentes e complementares. Métodos exegéticos
e teológicos – segundo o pronunciamento do relator-geral do Sínodo – devem refletir
a interdependência da ‘letra’, do Espírito e da fé, no trabalho de interpretação da
Palavra.
Após repassar brevemente a questão histórica, o ‘Jesus do Evangelho’,
e a ‘Igreja, serva da Palavra’, dom Marc Ouellet tocou ainda o importante tema do
diálogo com as nações e as religiões: “Entre os interlocutores dos diversos diálogos
da Igreja com as nações, o povo hebraico – disse ele – ocupa um lugar particular,
pois é o herdeiro da primeira Aliança, com o qual compartilhamos as Sagradas Escrituras.
E esta herança comum nos convida à esperança”. “O Judaísmo e o Islamismo, ou seja,
as duas religiões que, como o cristianismo, descendem do mesmo pai, Abraão, são aliados
da Igreja católica na luta à secularização e o liberalismo e pelo reconhecimento do
papel público da fé”.
Enfim, no que concerne à Palavra de Deus como serviço
ao homem, o arcebispo de Quebec afirmou que a atividade missionária da Igreja encontra
suas raízes na missão de Cristo e do Espírito, que releva e difunde a comunhão trinitária
em todas as culturas do mundo. “A dimensão salvífica universal do mistério pascal
de Cristo pede o anúncio da Boa Nova a todas as nações e também a todas as religiões”
- concluiu. (CM)