PAPA INAUGURA SÍNODO: "É INDISPENSÁVEL QUE A IGREJA CONHEÇA E VIVA AQUILO QUE ANUNCIA"
Roma, 05 out (RV) - Com a missa na Basílica de S. Paulo fora dos Muros, esta
manhã, o papa Bento XVI inaugurou a XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.
Concelebraram
com o papa os padres sinodais e os colaboradores: 52 cardeais, 14 membros das igrejas
orientais, 45 arcebispos, 130 bispos e 85 presbíteros. A Basílica de S. Paulo fora
dos Muros foi escolhida por este ser o Ano Paulino e pelo caráter ecumênico que a
reveste.
O Santo Padre iniciou a homilia comentando a primeira leitura, extraída
do livro do profeta Isaías, sobre o cântico da vinha, ambientado na época da colheita.
No Evangelho, Jesus retoma o cântico de Isaías, adaptando-o a seus ouvintes e a nova
hora da história da salvação, desta vez acentuando não a vinha, mas os vinhateiros
e suas atitudes homicidas. Desprezando a ordem do proprietário da vinha, os vinhateiros
acabam por desprezar o próprio Deus.
Esta mesma atitude, afirmou o papa, foi
registrada na história por muitos cristãos incoerentes. Hoje, nações que um tempo
eram ricas de fé e de vocações, agora estão perdendo sua identidade, sob a influência
deletéria e destrutiva de uma vertente da cultura moderna.
"Há quem, decidindo
a "morte de Deus", declara a si mesmo "deus", considerando-se o único artífice do
próprio destino, o proprietário absoluto do mundo. Mas quando o homem elimina Deus
do próprio horizonte, declara Deus morto, é realmente mais feliz? Quando os homens
se proclamam proprietários absolutos de si mesmos e únicos donos da criação, podem
realmente construir uma sociedade onde reinem a liberdade, a justiça e a paz? Por
um acaso não acontece, como as notícias cotidianas nos demonstram amplamente, que
se estendem o arbítrio do poder, os interesses egoístas, a injustiça e a exploração,
a violência em toda sua expressão? O resultado disso tudo é que o homem se encontra
mais só e a sociedade mais dividida e confusa", analisou.
No entanto, nas palavras
de Deus, nas palavras de Jesus há uma promessa: a vinha não será destruída. Isso indica
que, se em algumas regiões a fé se enfraquece até acabar, sempre haverá outros povos
prontos a acolhê-la.
"A consoladora mensagem que esses textos bíblicos nos
oferece é a certeza de que o mal e a morte não têm a última palavra, mas quem vence,
no final, é sempre Cristo. Sempre!", destacou o pontífice.
A Igreja, afirmou
o papa, não se cansa de proclamar esta Boa Nova. "Renovaremos de modo significativo
este anúncio durante toda a XII Assembléia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que
tem como tema 'A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja'".
Somente a
Palavra de Deus pode mudar profundamente o coração do homem, e é importante então
que, com ela, cada fiel e toda a comunidade entrem em uma intimidade sempre crescente.
Bento
XVI recordou que nutrir-se da Palavra de Deus é para a Igreja sua primeira e fundamental
tarefa. De fato, afirma ele, se o anúncio do Evangelho constitui a sua razão de ser
e sua missão, é indispensável que a Igreja conheça e viva aquilo que anuncia, para
que sua pregação seja crível, apesar das limitações e das pobrezas dos homens que
a compõem.
"Neste Ano Paulino, sentiremos ressoar com particular urgência a
exclamação do Apóstolo dos gentios: 'Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho'." Exclamação
que, para cada cristão, se torna um convite insistente a pôr-se a serviço de Cristo.
"Que o Senhor nos ajude a interrogar-nos juntos, durante as próximas semanas
de trabalho sinodal, sobre como tornar mais eficaz o anúncio do Evangelho neste nosso
tempo. Todos sentimos que é necessário colocar no centro da nossa vida a Palavra de
Deus, acolher Cristo como nosso único Redentor, como Reino de Deus em pessoa, para
fazer de modo que a Sua luz ilumine todos os âmbitos da humanidade", continuou.
Participando
da celebração eucarística, sentimos sempre o íntimo elo que existe entre o anúncio
da Palavra de Deus e o Sacrifício eucarístico.
O papa concluiu: "Que o Senhor
nos conceda aproximarmo-nos com fé do dúplice banquete da Palavra e do Corpo e Sangue
de Cristo. Que Maria Santíssima nos ensine a ouvir as Escrituras e a meditá-las em
um processo interior de amadurecimento, que jamais separe a inteligência do coração".
(BF)