2008-10-05 11:21:00

Colocar no centro da vida a Palavra de Deus, acolher Cristo como nosso único Redentor: Bento XVI na Missa de abertura do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus


(5/10/2008) Neste “Ano Paulino”, foi na basílica de São Paulo fora de Muros, em Roma, que Bento XVI presidiu, neste domingo de manhã, à celebração eucarística de abertura da Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre “A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja”.
Partindo dos textos bíblicos deste vigésimo sétimo domingo do Tempo Comum, o Papa recordou que, “quando Deus fala, solicita sempre uma resposta”, pois “a sua acção de salvação requer a cooperação humana; o seu amor aguarda correspondência”. Daqui a advertência, em eco às leituras do dia: “Que nunca aconteça, queridos irmãos e irmãs, o que narra o texto bíblico a propósito da vinha: ‘Esperava que viesse a dar uvas, mas deu só uvas azedas”.
“Só a Palavra de Deus pode transformar em profundidade o coração do homem. Assim, é importante que com ela entrem em intimidade sempre crescente cada um dos crentes e as comunidades. A assembleia sinodal dirigirá a sua atenção a esta verdade fundamental para a vida e missão da Igreja. Alimentar-se da Palavra de Deus é para a Igreja a primeira e fundamental tarefa”.
“De facto – fez notar Bento XVI – se é o anúncio do Evangelho que constitui a sua razão de ser e a sua missão, é indispensável que a Igreja conheça e viva o que anuncia, para que a sua pregação seja credível, não obstante as debilidades e pobrezas dos homens que a compõem”. Por outro lado, como “o anúncio da Palavra, na escola de Cristo, tem como conteúdo o Reino de Deus”, que é “a própria pessoa de Jesus, que com suas palavras e obras oferece aos homens de todas as épocas a salvação”, então é bem verdade o que escreve São Jerónimo. “Ignorar as Escrituras significa ignorar Cristo”.
Hoje como ontem, muitos são os que ainda não O encontraram e se encontram à espera do primeiro anúncio do Evangelho. Outros, embora tenham recebido formação cristã, perderam o entusiasmo e mantêm com a Palavra de Deus um contacto superficial. Outros ainda, afastaram-se da prática da fé e têm necessidade de uma nova evangelização. Finalmente, há pessoas de recta consciência que se colocam perguntas essenciais sobre o sentido da vida e da morte. “Torna-se, pois, indispensável para os cristãos de todos os continentes estar prontos a responder a quem quer que peça razão da esperança que está neles, anunciando com alegria a Palavra de Deus e vivendo sem compromissos o Evangelho”.
“Venerados e caros Irmãos, que o Senhor nos ajude a interrogarmo-nos, conjuntamente, durante as próximas semanas de trabalhos sinodais, sobre o modo de tornar cada vez mais eficaz o anúncio do Evangelho neste nosso tempo. Todos advertimos como é necessário colocar no centro da nossa vida a Palavra de Deus, acolher Cristo como nosso único Redentor, como o Reino de Deus em pessoa, para fazer com que a sua luz ilumine todos os âmbitos da humanidade: da família à escola, à cultura, ao trabalho, ao tempo livre e aos outros sectores da sociedade e da nossa vida”.
Na primeira parte da homilia, Bento XVI, comentando as leituras da Missa, observara que “aquilo que a página evangélica denuncia interpela o nosso modo de pensar e de agir; interpela de modo especial os povos que receberam o anúncio do Evangelho”. “Se olharmos para a história (obsrevou o Papa), somos obrigados a constatar muitas vezes a frieza e rebelião dos cristãos. Em consequência, Deus, embora nunca faltando à sua promessa de salvação, teve que recorrer frequentemente ao castigo”. “É espontâneo pensar, neste contexto, no primeiro anúncio do Evangelho, da qual nasceram comunidades cristãs inicialmente florescentes, que depois desapareceram e hoje em dia são recordadas apenas nos livros de história. Não poderia acontecer o mesmo na nossa época? Nações outrara ricas de fé e de vocações vão agora perdendo a sua identidade, sob a influência deletéria de certa cultura moderna”.
Especificando o seu pensamento, Bento XVI referiu quem, “tendo decidido que Deus morreu, se declara a si próprio deus, considerando-se artífice único do seu destino, proprietário absoluto do mundo”. Ora – interrogou-se o Papa – “quando o homem elimina Deus do seu próprio horizonte, é verdadeiramente mais feliz, torna-se na verdade mais livre? Quando os homens se proclamam proprietários absolutos de si mesmos e únicos patrões da criação, será que conseguem construir verdadeiramente uma sociedade onde reinem a liberdade, a justiça e a paz? Não acontece antes – como as notícias do dia a dia amplamente demonstram - que se estendem o arbítrio do poder, os interesses egoístas, a injustiça e a exploração, a violência em todas as suas expressões?”
Não se detendo neste cenário sombrio, Bento XVI sublinhou a promessa contida nas palavras de Jesus: “a vinha não será destruída”. O patrão confia a vinha a outros servos fiéis. “Se em algumas regiões a fé se enfraquece ao ponto de se extinguir, haverá sempre outros povos prontos a acolhê-la”. Além de que – recordou ainda o Papa, citando palavras de Jesus na Última Ceia – existe a “consoladora certeza de que não serão o mal e a morte a ter a última palavra”:
“Será Cristo a vencer, no final. Sempre! A Igreja não se cansa de proclamar esta Boa Nova, como acontece também hoje aqui, nesta basílica dedicada ao Apóstolo dos gentios, que foi o primeiro a difundir o Evangelho em vastas regiões da Ásia menor e da Europa. Renovaremos de modo significativo este anúncio durante toda a XII assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.








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