2008-10-03 13:57:30

Só os olhos do coração compreendem as exigências de um grande amor que sabe dar sem reservas: Bento XVI, a propósito dos 40 anos da "Humane vitae"


Na geração dos filhos, o amor conjugal “não só se assemelha ao amor de Deus, mas participa mesmo nesse Amor”. Um grande amor que sabe dar sem reservas e cujas exigências só os olhos do coração são capazes de compreender. Afirmações de Bento XVI numa mensagem dirigida ao Congresso promovido pelo Instituto João Paulo II para os Estudos sobre o Matrimónio e a Família e pela Universidade Católica Italiana (do Sagrado Coração). Na mensagem, enviada ao Presidente daquele Instituto Pontifício, Mons. Lívio Melina, o Papa sublinha que a Encíclica de Paulo VI nos convida a compreender “o grande sim que implica o amor conjugal”.
“Qualquer forma de amor tende a difundir a plenitude de que vive, mas o amor conjugal tem um modo próprio de se comunicar: gerar os filhos” – escreve Bento XVI. “Excluir esta dimensão comunicativa mediante uma acção que vise impedir a procriação significa negar a verdade íntima do amor esponsal com que se comunica o dom divino”.
A quarenta anos da publicação da “Humanae vitae” - sublinha o Papa – estamos em condições de compreender que “os filhos não são o objectivo de um projecto humano, mas são reconhecidos como um verdadeiro dom, a acolher numa atitude de generosa responsabilidade para com Deus, primeiro manancial da vida humana”. Este “grande sim à beleza do amor – lê-se na mensagem – comporta certamente a gratidão, tanto dos pais aos receber o dom de um filho, como também do próprio filho, ao saber que a origem da sua vida está ligada a um amor tão grande e acolhedor”.
O Papa constata que também hoje muitos fiéis têm dificuldade em compreender a mensagem da Igreja que “defende a beleza do amor conjugal na sua manifestação natural”. A solução técnica aparece muitas vezes como a mais fácil, mas na realidade esconde a questão de fundo, que diz respeito ao sentido da sexualidade humana e à necessidade de um auto-domínio responsável, para que o seu exercício se possa tornar expressão de amor pessoal.
A técnica – adverte o Santo Padre – “não pode substituir a maturação da liberdade, quando está em jogo o amor”. Por outro lado, “também a razão não basta, é preciso que seja o coração a ver”. “Só os olhos do coração conseguem advertir as exigências próprias de um grande amor, capaz de abranger a totalidade do ser humano”.
Por outro lado, Bento XVI reconhece que no caminho do casal podem verificar-se circunstâncias graves que tornem “Prudente” distanciar os nascimentos dos filhos ou mesmo renunciar a novas gestações. É aqui que – explica o Papa – “se torna importante para a vida dos cônjuges o conhecimento dos ritmos naturais de fertilidade da mulher”. Estes métodos consentem ao casal “administrar o que o Criador sapientemente inscreveu na natureza humana, sem perturbar o significado integral da doação sexual”. Obviamente, afirma o Pontífice, estes métodos que respeitam a verdade plena do amor dos cônjuges requerem “uma maturidade no amor que não é imediata, mas comporta um diálogo e uma escuta recíproca e um singular domínio do impulso sexual num caminho de crescimento na virtude”.

A concluir a sua mensagem, nos quarenta anos da “Humane Vitae”, Bento XVI menciona com apreço a actividade de centros como o Instituto Internacional Paulo VI, querido por João Paulo II que fazem “Progredir o conhecimento das metodologias tanto para a regulação natural da fertilidade humana como também para a superação natural de uma eventual fertilidade”.
Como que em eco à “Donum vitae”, do Papa Wojtyla, a mensagem do actual pontífice sublinha que muitos investigadores, “salvaguardando plenamente a dignidade da procriação humana” chegaram a “resultados que antes parecia impossível alcançar”. Bento XVI faz votos de que, na sua pastoral matrimonial e familiar, a Igreja saiba orientar os casais, levando-os a “compreender com o coração o maravilhoso projecto que Deus inscreveu no corpo humano”. Finalmente, a exortação – aos cônjuges católicos – a serem “testemunhas credíveis da beleza do amor”.








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