ÁUSTRIA: ENCONTRO PARA PROMOVER O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
Salzburgo, 02 out (RV) - Promover o "diálogo inter-religioso" partindo de identidades
diversas _ culturais, históricas e sociais _ através das quais basear um relacionamento
sobre a "compreensão recíproca", capaz de levar a "paz a áreas onde, ainda hoje, permanece
grande a tensão entre fiéis de religiões diferentes". Com o lema "Cristianismo e Islamismo:
uma nova vida em comum?", a fundação austríaca Initiative Christlicher Orient (ICO),
criada para apoiar as Igrejas do Oriente, promoveu um congresso internacional, nos
dias 22 e 23 de setembro, em Salzburgo, Áustria, do qual participaram mais de 100
pessoas entre professores e peritos do mundo árabe e cristão.
Aos quatro relatores
do encontro foi confiada a tarefa de ilustrar as peculiaridades das duas grandes religiões
monoteístas, e delinear os passos a serem percorridos, para promover um diálogo que,
seguindo as indicações de Bento XVI na lectio magistralis de Regensburg, deixe de
lado "ódio e fanatismo" e rejeite categoricamente a "lógica da violência" em favor
de uma "crítica" recíproca e "construtiva".
O arcebispo de Kirkuk, Dom Louis
Sako, explicou o relacionamento entre "cristãos e muçulmanos" no Iraque de ontem e
de hoje, e a contribuição dada pela comunidade cristã ao desenvolvimento da cultura
islâmica, graças à construção de escolas, hospitais e mosteiros em Bagdá, Najaf, Kerbala
e Mosul, cidades santas para a tradição muçulmana xiita.
"O Alcorão define
cristãos e judeus _ sublinhou o prelado _ como homens do Livro, que devem ser respeitados.
Há, porém outros versetos nos quais é lícito submetê-los, exigindo uma taxa _ a Jizia
_ para lhes garantir proteção."
Mesmo com episódios alternados, o relacionamento
entre Cristianismo e Islamismo sempre se baseou, ao longo dos séculos, na colaboração
e no respeito recíprocos.
A tragédia de 11 de setembro de 2001, nos EUA, e
a sucessiva guerra no Iraque contribuíram para "piorar" as relações entre as duas
religiões. Os fundamentalistas, a maior parte dos quais provenientes do exterior,
infiltraram-se no Iraque, com o propósito de transformá-lo num Estado islâmico, baseado
na xariá, semeando morte e destruição e contribuindo para a fuga de milhares de cristãos.
"Eles
invocam a jihad (a guerra santa) _ prossegue o arcebispo de Kirkuk _ e tomam como
alvo a comunidade cristã, com seqüestros, torturas e homicídios."
Por isso,
Dom Sako convida os "muçulmanos moderados" _ a maioria _ a trabalharem junto com os
cristãos, para promover "harmonia e tolerância" e a mostrar a face "não-violenta"
do Islamismo, que não tolera o sacrifício de "vítimas inocentes". (SP)