Da moratória á abolição da pena capital; esperança da Santa Sé perante a mobilização
internacional
(30/9/2008) A Igreja Católica «vê com grande esperança a mobilização internacional
que tem como objectivo final cancelar a pena capital de todos os ordenamentos jurídicos
e estatutários». O secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes
e Itinerantes, D. Agostinho Marchetto, fez esta afirmação, nesta segunda feira durante
o III Congresso Internacional de Ministros de Justiça, aqui em Roma , convocado pela
Comunidade de Sant`Egidio. D. Marchetto explicou que a Santa Sé vê «com grande
esperança» o movimento a favor da abolição da pena de morte, especialmente após a
moratória sobre as execuções aprovada pelas Nações Unidas no mês de Dezembro passado. A
assinatura desta moratória dá a entender, explicou o prelado, que a cultura da vida
«hoje é compartilhada universalmente, apesar das contínuas ameaças e derivações violentas». Esta
moratória, afirmou, abriu «um período de reflexão, de exame, de controle sobre as
melhores expressões da justiça penal apta para garantir eficazmente a ordem pública
e a segurança das pessoas, e que ao mesmo tempo seja mais conforme à dignidade do
homem, também do condenado». Contudo, acrescentou, a Igreja «está consciente da
complexidade desta questão e da necessidade de proceder com decisão e gradualidade». Por
isso, D. Agostinho Marchetto mostrou a sua satisfação pelo aumento de países abolicionistas
na África, «que já são 13, enquanto os que aplicam a moratória de facto são 23». Trata-se,
acrescentou, «de um dado de extraordinária relevância para uma área geográfica do
mundo vista sempre de forma céptica e pessimista por parte dos analistas internacionais». Para
a Igreja, acrescentou o prelado, a vida humana é «sagrada» desde a concepção até a
morte natural, segundo o «projecto divino de uma civilização do amor e da vida». «Por
isso, o magistério católico, que ilustrou o valor da vida como fundamento de toda
a sociedade, condena de forma aberta e humilde, porém com firmeza, a pena capital». O
secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes citou
o artigo 27 da Evangelium Vitae de João Paulo II, no qual se afirma que a sociedade
«pode reprimir eficazmente o crime, de forma que, enquanto torna inofensivo aquele
que o cometeu, não lhe tira definitivamente a possibilidade de se redimir». «Um
homem e uma mulher que erraram, que cometeram um crime, por mais feroz que tenha sido,
devem ter a possibilidade de ser perdoados, inclusive sofrendo uma grave pena reparadora,
e viver na esperança», acrescentou.