BISPO DE ASMARA: COMUNIDADE INTERNACIONAL NÃO ABANDONE O CHIFRE DA ÁFRICA
Asmara, 30 set (RV) - É preocupante a situação humanitária no Chifre da África,
que compreende Etiópia, Eritréia e Somália. A ONU lançou recentemente o alarme, pedindo
que sejam alocados 700 milhões de dólares para ajudar as pessoas que vivem na área.
Acrescentam-se a essa grave situação humanitária os numerosos conflitos que caracterizam
toda a região e, em particular, a jamais superada crise entre Etiópia e Eritréia.
Sobre o papel que a comunidade internacional é chamada a desempenhar em favor dessa
região da África, a Rádio Vaticano entrevistou o bispo de Asmara, na Eritréia, Dom
Menghisteab Tesfamariam. Eis o que disse:
Dom Menghisteab Tesfamariam:-
"O nosso trabalho principal é o de rezar pela paz. Depois, na medida do possível,
buscamos fazer entender que a paz é vantajosa para todos. A paz é um direito natural
de todas as pessoas, todos devem viver em paz. Assim Deus quer, assim quer a Igreja:
que todas as pessoas de todas as nações estejam em paz e colaborem também entre si.
Portanto, nós queremos pedir à comunidade internacional que não se esqueça de fazer
tudo aquilo que puder para realizar a paz nesta região da África. Toda a região é
atingida por essa situação de conflito, de tensão e, portanto, as pessoas, ao invés
de se concentrar no trabalho _ sobre como produzir alimento, sobre o progresso da
própria vida _, devem estar ali custodiando os confins, se ocupando dessas coisas."
P.
Muitas vezes a guerra, a fome, a falta de perspectivas, são motivo para uma forte
emigração, sobretudo, dos mais jovens...
Dom Menghisteab Tesfamariam:-
"Para mim é um empobrecimento para o país, porque quando se perdem os jovens, se perde
também um pouco o cérebro da população porque aqueles que deixam o país representam
um potencial que o país perde. Queremos que venha a paz, que esses jovens possam permanecer
em seu país e ajudá-lo a progredir."
P. A população tem, talvez, a sensação
de ser um pouco abandonada pela comunidade internacional, nestes últimos anos?
Dom
Menghisteab Tesfamariam:- "Sim, nós nos sentimos um pouco abandonados ou isolados,
no sentido que a comunidade internacional ajudou a se alcançar um acordo entre os
dois países, por exemplo, no ano 2000. Mas depois não houve um prosseguimento, como
deveria ser. Parece que a comunidade internacional se retirou um pouco. Podem ser
muitas as razões para isso, porém, o meu apelo é de que não se dê por vencida, mas
continue de todos os modos, a fim de que venha a paz." (RL)