"ABOLIÇÃO DA PENA DE MORTE É UMA GRANDE ESCOLHA DE VIDA"
Roma, 29 set (RV) - "A abolição da pena de morte é uma grande escolha de vida":
é o que afirma o presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", Cardeal
Renato Raffaele Martino, ao III Congresso Internacional de Ministros da Justiça, que
se realiza nesta segunda-feira, em Roma, sobre o tema: "Da moratória à abolição da
pena capital". O congresso é promovido pela comunidade católica romana de Santo Egídio.
O
Cardeal Martino destaca que a pena capital é "um instrumento que se revela cada vez
mais, não só contrário aos grandes valores cristãos, que constituem a base dos direitos
universais do homem, mas também a sua total ineficácia".
"A voz da Igreja _
lembra o cardeal _ sempre esteve e sempre estará da parte da vida. A vida humana deve
ser sempre defendida, mesmo a de quem matou conscientemente. Também a pena não pode
senão ser de redenção. Não se pode privar ninguém da possibilidade de resgatar-se.
Compartilho plenamente o vosso empenho" _ conclui o presidente do Pontifício Conselho
"da Justiça e da Paz" , "na esperança que concorra eficazmente a apressar o dia em
que a pena de morte seja definitivamente cancelada da Terra".
Participou do
congresso também Dom Agostino Marchetto, secretário do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e os Itinerantes. O arcebispo destacou com força, que "a pena de
morte nunca é necessária, nem frente a crimes hediondos ou ao genocídio", lembrando
que "a Igreja Católica vê com extremo favor e com grande esperança a mobilização internacional"
para a abolição da pena capital, pena que definiu "sem apelo e sem função de reabilitação
do condenado".
Dom Marchetto afirmou que a moratória pode ser vista "como
primeiro passo necessário para aqueles países que têm necessidade de dotar-se de instrumentos
apropriados do Direito, e de oferecer raízes mais profundas ou mesmo inéditas, a uma
cultura da vida".
O arcebispo, que reiterou as idéias de fundo do Cardeal
Martino, louvou, por fim, a Comunidade de Santo Egídio, por seu "trabalho constante
e capilar, em nível internacional, para favorecer, junto às instituições, aos governos,
à opinião pública e às pessoas comuns, uma sensibilidade mais aberta às exigências
de uma justiça que "vá além", ou seja, que respeite a vida humana, mesmo a dos condenados".
Representantes de 16 países participam deste III Congresso promovido pela Comunidade
de Santo Egídio. A esperança é que se possa alargar a frente das nações que eliminaram
as execuções de sua legislação. Até hoje, 62 países mantêm a pena de morte e são 135
os que a aboliram na lei ou na prática. (PL)