Santuário de Fátima deve ser mais do que um "centro de serviços religiosos",foi salientado
na tomada de posse do novo Reitor
(25/9/2008) O novo Reitor do Santuário de Fátima, P. Virgílio Antunes, tomou posse
do seu cargo esta Quinta-feira, na igreja da Santíssima Trindade, assumindo que são
os peregrinos a “razão de ser” deste local de culto, destinado a responder às aspirações
mais profundas da humanidade. Depois de admitir que Fátima desperta “dúvidas e
perplexidades” em “muitas pessoas e sectores”, a primeira saudação deste responsável
serviu para definir o Santuário como um “lugar de afirmação e cultivo da fé cristã,
votado a uma especial veneração de Nossa Senhora, centro de convergência de multidões
de famintos de Deus e fonte de uma paz duradoura a construir”. A cerimónia foi
presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, e contou com a presença de
três Bispos eméritos, cerca de uma centena de sacerdotes e várias centenas de fiéis,
para além de autoridades civis e militares. Além do novo reitor, tomou posse o novo
administrador do Santuário, P. Cristiano Saraiva, e assinalaram-se jubileus sacerdotais
de membros do clero da Diocese. D. António Marto desafiou os presentes a fazer
do Santuário mais do que um “centro de serviços religiosos”, destacando que se vive
num clima de “eclipse cultural de Deus” na actual cultura pós-moderna, “tempo providencial
para ir ao essencial, ao coração da fé”. O prelado falou da “projecção mundial”
deste espaço, onde passam todos os anos 5 milhões de peregrinos, falando da “relevância
da missão” de Fátima em Portugal e no mundo, num momento em que são muitos os que
empreendem a “busca de Deus”. Este “coração espiritual do país”, acrescentou,
é um “símbolo da paz, da reconciliação e da unidade de corações, de povos e de culturas”.
D. António Marto destacou os desafios colocados pela “debilidade do pensamento,
precariedade dos afectos, relativismo moral”, defendendo a necessidade de investir
na qualidade e diversificação da oferta que é oferecida no acompanhamento dos peregrinos
de Fátima. O P. Virgílio Antunes será o primeiro Reitor inserido no quadro dos
novos Estatutos de Fátima, que fazem deste espaço um Santuário Nacional, facto destacado
pelo próprio e pelo Bispo de Leiria-Fátima. O novo Reitor pediu mesmo que este novo
Estatuto “seja um grande auxílio para que não faltem ao Santuário os meios humanos,
concretamente os meios humanos, concretamente os sacerdotes necessários, para o seu
serviço”. A passagem de testemunho aconteceu numa simbólica “entrega das chaves
da reitoria” por parte de Mons. Luciano Guerra, Reitor cessante e uma das faces mais
visíveis de Fátima ao longo dos últimos 35 anos. Ao seu sucessor, prometeu acompanhamento
na oração, “no pensamento, na palavra, na acção e, se necessário, no silêncio”, desejando
que possa permanecer no cargo durante “muitos anos”. D. António Marto quis deixar
a Mons. Luciano Guerra uma palavra de gratidão – também em nome do episcopado português
- pelo desempenho na “árdua, nobre e bela missão” de Reitor do Santuário de Fátima,
tempo durante o qual o Santuário conheceu “um novo impulso” e que deixa “marcas indeléveis”
na história de Fátima. Do novo Reitor, destacou a “sólida formação teológica”
e a experiência pastoral, que nos últimos anos passou pelo Santuário de Fátima, no
serviço dos peregrinos. Programa espiritual Posteriormente, na Capelinha
das Aparições, o novo Reitor falou de Fátima como um lugar que deixa “apelos de conversão
como caminho para a paz pessoal, familiar e universal”. Na sua oração, ficou claro
que o programa espiritual para este novo ciclo inclui elementos presentes desde as
Aparições de 1917 –o terço, a paz, a luz, o amor, a conversão dos pecadores -, mas
também elementos que se têm vindo a afirmar nos últimos anos, em especial a devoção
à Trindade, hoje consagrada na nova igreja que toma o seu nome. O final da oração
retomou ideias centrais das Aparições, rezando a Maria para que “seja difundida a
vossa mensagem, para que triunfe o vosso coração imaculado, para que encontrem a salvação
os vossos peregrinos”. O novo Reitor é nomeado pelo Bispo de Leiria-Fátima para
um mandato de cinco anos. (Ecclesia)