2008-09-23 19:35:37

NÚNCIO NA ONU: "LIBERTAR A ÁFRICA DA POBREZA"


Nova York, 23 set (RV) - O núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé na ONU, Arcebispo Celestino Migliore, proferiu um discurso na sessão da Assembléia Geral da ONU, dedicada à África.

Dom Celestino recordou que, há 60 anos, a África tem representado um desafio à capacidade da ONU de cumprir o ideal de paz e prosperidade para todos, como consta em seu estatuto. Mas a história recente pôde comprovar que os governos africanos são capazes de harmonizar seus interesses e necessidades locais, a grande diversidade cultural e os desafios geográficos e climáticos com respostas comuns aos sérios problemas que afetam, indistintamente, todos os países do continente.

Os êxitos obtidos na consolidação da independência, a superação dos conflitos ideológicos do século XX, a abolição do "apartheid" e, recentemente, o fortalecimento da União Africana e de outras estruturas de cooperação são sinais de esperança para o potencial da África.

"Agora _ disse o observador da Santa Sé _ é hora de encorajar o sentido africano de pertença, apoiando o processo de desenvolvimento que pode libertar a África da angústia da pobreza extrema."

Para Dom Celestino Migliore, o relatório do secretário-geral, que faz um apelo em favor de ações concretas, é uma declaração política que deve servir como guia efetivo, para colocar em prática as aspirações do continente.

Com suas riquezas humanas e diversidades climáticas e culturais, a África e seu desenvolvimento são uma grande oportunidade para todo o mundo. A África é o mais jovem dos continentes, com 60% da população abaixo dos 25 anos de idade. Em alguns países africanos, o crescimento foi igual ou por vezes maior do que em nações desenvolvidas, o que indica também que os métodos de governo estão melhorando.

Esse crescimento, porém, não foi suficiente para libertar grandes segmentos da população africana da pobreza e a expectativa de vida média permanece uma das mais baixas do mundo.

"Obviamente _ concluiu o arcebispo _ há ainda muito que fazer para melhorar as condições de saúde do povo africano."

O núncio esclareceu aos líderes mundiais que é um privilegio poder ilustrar as experiências das comunidades da Igreja católica presentes no continente, inclusive em seus ângulos mais remotos, dividindo responsabilidades, alegrias e conquistas de muitos africanos.

Na luta contra o HIV/AIDS, assim como nos campos da educação e saúde, a Igreja católica permanece na vanguarda, seja em termos de extensão da obra de solidariedade, seja na qualidade de seus programas.

Fortalecida por essa experiência, a Santa Sé encoraja os participantes da cúpula a prosseguirem seus esforços de adaptar programas de desenvolvimento à realidade da África, e a firmarem parcerias autênticas, nas quais os países africanos não sejam simples receptores de idéias e programas de ajuda externos, mas verdadeiros protagonistas de seu desenvolvimento.

A Santa Sé indica dois caminhos para combinar metas econômicas, comerciais e ambientais na África: em primeiro lugar, a criação de empregos produtivos para os jovens nas cidades; e em segundo, a promoção e investimento em fazendas familiares, que produzam alimentos para a população rural e urbana e sejam fonte de comércio.

As culturas africanas têm um forte senso de solidariedade e de vida comum, e esse precioso patrimônio é um dom no qual os governos e sociedades africanas devem se basear, para obter resultados efetivos. Ao mesmo tempo, preservar a família africana e sua identidade cultural deve ser o objetivo principal de todo plano de desenvolvimento.

Dom Celestino Migliore concluiu seu discurso com a esperança de que este encontro seja mais um passo no caminho da co-responsabilidade, para atingir tais objetivos. (CM)







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