Nova Délhi, 23 set (RV) - Registrada enésima violência contra os cristãos na
Índia. Ontem foi assassinado um sacerdote católico em seu mosteiro no norte do país.
O religioso vivia num vilarejo a cerca de 40 Km de Nova Délhi. A polícia não exclui
a hipótese de roubo concluído de modo trágico. Por sua vez, o arcebispo da capital
do Estado de Orissa, Cuttack Bhubaneswar, Dom Raphael Cheenath, denunciou ter recebido
uma carta intimidadora de fundamentalistas hinduístas com ameaças de morte contra
ele.
De fato, a Índia perde mais um padre católico, talvez vítima da criminalidade
comum. Pe. Samuel Francis, de 50 anos, foi encontrado morto ontem, segunda-feira,
na capela do mosteiro no qual vivia e ensinava ioga e meditação, localizado no vilarejo
de Chota Rampur, no sul da Índia.
O sacerdote foi encontrado morto com as mãos
atadas, amordaçado e apresentava feridas na fronte. Ainda não são claros o motivo
e a dinâmica do assassinato.
A polícia não descarta que possa se tratar de
uma tentativa de furto concluída de modo trágico, uma vez que o mosteiro foi saqueado
pelos assassinos antes da fuga. Junto ao sacerdote foi encontrada também morta uma
mulher, que sofria parcialmente de distúrbios psíquicos.
O Pe. Davis Varayilan,
professor no Colégio Teológico Samanvayan, disse ter conhecido bem o sacerdote assassinado,
elogiou a sua "generosidade", o bom coração e a inteligência. "É a enésima tragédia
para a Igreja indiana _ disse ele à agência missionária AsiaNews.
No
início dos anos 80 o Pe. Samuel Francis era o responsável pela pastoral da juventude
da Diocese de Meerut. Era uma pessoa amada e respeitada por todos: hinduístas, muçulmanos,
pelos pobres e marginalizados. As exéquias do sacerdote se realizaram nesta terça-feira
no vilarejo de Chota Rampur.
A difusão das violências anticristãs na Índia
preocupa e surpreende, em particular, aqueles escolheram justamente esse país como
terra de missão. É o que confirma o missionário do PIME (Pontifício Instituto das
Missões Exteriores) em Bombay, Pe. Carlo Torriani, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Pe.
Carlo Torriani:- "Neste momento se vê que existe uma organização por trás que
ataca também cidades e Estados como Kerala, karnataka, onde os cristãos têm uma certa
consistência. Deve-se dizer, porém, que as pessoas estão se perguntando quem é realmente
hinduísta: o hinduísmo é uma religião eminentemente tolerante em sua estrutura."
P.
Existe neste momento, por parte dos mais moderados, uma proximidade aos cristãos ou
existe um clima de isolamento?
Pe. Carlo Torriani:- "Houve manifestações
também aqui em Bambay, uma zona relativamente pacífica para nós. Todas as escolas
católicas ficaram fechadas para um dia de solidariedade aos cristãos de Orissa e houve
também um encontro de oração e de manifestação pacífica do qual participou o representante
da Arya Samaj, que é uma antiga organização hinduísta com mais um século de existência."
P.
Pode-se dizer que, apesar da situação na Índia, existe ainda um espaço para o diálogo
inter-religioso?
Pe. Carlo Torriani:- "Sem dúvida existe esse espaço,
aliás, ele certamente servirá para mostrar a boa intenção dos cristãos, ao passo que
essas organizações, que fazem provocações, vivem ainda no clima de colonialismo do
século passado." (RL)