O Papa chamou hoje a atenção para à necessidade do perdão, da unidade, da reconciliação
fraterna, da comunicação, como condições indispensáveis para apresentarmos dignamente
as ofertas ao altar. Foi neste domingo na homilia da missa de consagração do novo
Altar Mor da Catedral de Albano, cidade onde se encontra a residência papal de Castel
Gandolfo.
Numerosos fiéis e turistas assistiram na manhã deste domingo à celebração eucarística
presidida pelo Papa na cidadezinha de Albano, localidade de que faz parte Castel Gandolfo.
Bento XVI foi convidado pelo bispo daquela diocese, Mons. Marcello Semeraro, a presidir
ao rito de consagração do novo Altar Mor da catedral de Albano, depois dos trabalhos
de restauração. O Papa foi acolhido no portão da Palácio Pontifício de Castel
Gandolfo pelo cardeal Ângelo Sodano, titular da Igreja Suburbicária de Albano, por
Mons. Marcello e pelo Presidente da Câmara daquela cidade. Depois, dirigiu-se a pé
à Catedral, onde foi acolhido pelos canónicos.
Perdão, unidade, reconciliação
fraterna, comunicação, como condições indispensáveis para apresentamos a oferta ao
altar, estiveram no centro da homilia proferida pelo Santo Padre. Tendo sido escolhida
como primeira leitura, o Livro dos Macabeus em que se fala da purificação do templo,
episódio a partir do qual foi instituída a festa da Dedicação, o Papa comparou a
alegria que caracterizou aquele evento com a que se vivia em Albano, ao saber que
no Altar hoje consagrado, Cristo continuará a imolar-se pela nossa salvação no sacramento
da Eucaristia. E recordou que a presença de Cristo na Eucaristia é uma presença dinâmica
que se apodera de nós para nos tornar seus; para fazer de cada um de nós a sua “casa”,
pois que todos juntos formamos a sua Igreja. E o Papa continuou citando Santo Agostinho,
segundo o qual mediante a fé nos tornamos tijolos para a construção da Igreja de Cristo.
“ Santo Agostinho observa que mediante a fé os homens são como que lenha trazida
dos bosques e dos montes para a construção. Mediante o baptismo, a catequese e a predicação
são adaptadas à construção; mas só se transformam em casa do Senhor quando são acompanhados
pela caridade. Quando os crentes são reciprocamente conexos segundo uma determinada
ordem, justapostos e coesos, quando são unidos na caridade se tornam verdadeiramente
casa do Senhor, sem o perigo de cair”. É, portanto, o amor de Cristo, a caridade
que não terá fim, a energia espiritual que une aqueles que participam na mesmo sacrifício
e se nutrem do mesmo pão. Mas será possível comunicar com o Senhor, se não comunicarmos
entre nós? Como é possível apresentar-se perante o altar de Deus divididos, longe
uns dos outros? - perguntou-se Bento XVI – exprimindo perante os presentes, o desejo
de que o Altar hoje consagrado seja para todos um constante convite ao amor, a aceitá-lo
e a difundi-lo, a aceitar o pedido de perdão dos outros e a perdoar. E aqui Bento
XVI citou o texto de S. Mateus, escolhido para esta ocasião e que disse, apela à reconciliação
fraterna, indispensável para apresentarmos dignamente a oferta ao altar. E recordou
que também os profetas denunciavam com vigor a “inutilidade daqueles gestos de culto
privados de correspondestes disposições morais, especialmente na relação com o próximo”.
E o Papa exprimiu um desejo… “Portanto, todas as vezes que vos aproximais do altar
para a celebração eucarística, o vosso ânimo se abra ao perdão e à reconciliação fraternas,
prontos a aceitar as desculpas de quantos vos feriram e prontos, vós também, a perdoar”. O
Papa recordou depois que na liturgia o altar torna-se, de certo modo o ponto de encontro
entre o Céu e a terra, o centro da única Igreja que é celeste e ao mesmo tempo peregrina
na terra, onde entre a persecução do homem e a consolação de Deus, os discípulos do
Senhor anunciam a paixão de Cristo até ao seu regresso na glória. Cada celebração
eucarística antecipa o triunfo de Cristo sobre o pecado e sobre o mundo. Bento
XVI relacionou toda esta reflexão em volta do significado do altar e da Eucaristia
com o altar da Catedral de Albano que estava para ser consagrada, recordando aos fiéis
que se trata de testemunhar com a vida a própria fé em Cristo e a total confiança
nele. E acrescentou: “Trata-se também de cultivar a comunhão eclesiástica que
é antes de mais um dom, uma graça, fruto do amor livre e gratuito de Deus, algo de
divinamente eficaz, sempre presente e operante na história, para além de todas as
aparências contrárias. A comunhão eclesiástica é, todavia, uma tarefa confiada à responsabilidade
de todos” . Palavras do Papa na missa celebrada esta manhã em Albano, onde consagrou
o novo Altar Mor da Catedral daquela cidade, Catedral dedicada a São Pancrácio, cuja
protecção, assim como a de São Mateus e da Virgem Maria, o Papa invocou para essa
Catedral agora renovada na sua beleza.
Na saudação que lhe dirigiu, o bispo
daquela diocese, Mons. Marcello Semeraro, recordou o encontro do Papa com os sacerdotes
em Agosto de 2006, no qual – disse - Bento XVI indicou com clareza e eficácia o caminho
a seguir na pastoral. O bispo de Albano pôs depois em foco o motivo da presença
do Papa hoje na Catedral da sua diocese, citando a encíclica Deus Caritas Est, na
qual Bento XVI afirma que na Eucaristia Deus desce até nós e manifesta o seu amor
e comunhão connosco. Falando depois da pastoral em Albano, Mons. Semeraro disse
que nestes anos sentiram a necessidade de se dedicar ao “primeiro anuncio” e na tentativa
de dar um novo rosto às comunidades paroquiais, organizaram um itinerário de iniciação
cristã para jovens e adultos, insistindo na pastoral da família e criando um projecto
missionário denominado “Albano-Jovens” em que se tenta transmitir a fé às novas gerações.
Isto na linha daquilo que o Papa sugeriu em Maio passado à Conferência Episcopal italiana,
ao sublinhar a importância do encontro dos jovens com o Evangelho.