2008-09-17 17:53:39

A AUDIÊNCIA GERAL DO PAPA


Cidade do Vaticano, 17 set (RV) - Bento XVI deixou a Residência de verão de Castel Gandolfo, esta manhã, de helicóptero, para vir ao Vaticano, onde, na Sala Paulo VI, recebeu os peregrinos e fiéis, provenientes de diversas partes do mundo, para a Audiência Geral de quarta-feira.

O Papa dedicou a sua catequese semanal a uma retrospectiva da viagem pastoral, que acaba de realizar à França, onde, durante quatro dias, visitou Paris e Lourdes, por ocasião dos 150 anos das Aparições de Nossa Senhora a Bernadette Soubirous.

O papa percorreu as etapas da sua 10ª peregrinação apostólica internacional, destacando os momentos mais significativos e evidenciando a mensagem que Maria deixou à humanidade em Lourdes.

Partindo da célebre passagem evangélica na qual Jesus diz “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, Bento XVI explicou que precisamente no âmbito do “papel civilizador fundamental” exercido pela Igreja, “amadureceu a exigência de uma sadia distinção entre a esfera política e a religiosa”:

“Se nas moedas romanas estava impressa a imagem de César e por isto elas deviam ser dadas a ele, no coração do homem há porém a impressão do Criador, único Senhor da nossa vida. Laicidade autêntica não é, portanto, prescindir da dimensão espiritual, mas reconhecer que precisamente esta dimensão é radicalmente agarantia da nossa liberdade e da autonomia das realidades terrenas, graças aos ditames da Sabedoria criadora que a consciência humana sabe acolher e aplicar".

A seguir, o papa lembrou os encontros da sua viagem apostólica. Começou com o encontro com o mundo da cultura, no Colégio dos Bernardinos, em Paris, onde, partindo de uma reflexão sobre o monaquismo, ressaltou que os monges, escolhendo “o caminho da escuta da Palavra de Deus”, chegaram “a uma cultura da palavra”, tiveram que “penetrar no segredo da língua, comprendê-la na sua estrutura”. Por isto – acrescentou o Santo Padre – tornavam-se importantes “as ciências profanas, voltadas a aprofundar os segredos das línguas”:

“Desenvolve-se, consequentemente, precisamente na busca de Deus, nos mosteiros, a verdadeira erudição, a verdadeira cultura que formou a seguir a nossa cultura. Precisamente por isto, quaerere Deum, procurar Deus, colocar-se a caminho para Deus, continua sendo, hoje como ontem, a via mestra e o fundamento de toda cultura verdadeira”.

O papa evocou, em particular, da sua etapa em Notre-Dame, os “dois tesouros da fé cristã”, que entregou aos jovens: o Espírito Santo e a Cruz:
“O Espírito abre a inteligência humana a horizontes que a superam e faz-lhe compreender a beleza e a verdade do amor de Deus revelado precisamente na Cruz. Um amor do qual nada jamais nos poderá separar, e que se experimenta dando a própria vida a exemplo de Cristo”.
Na Esplanada dos Inválidos, “ressoando as palavras do Apóstolo Paulo aos Coríntios”: “fugi dos ídolos”, o papa convidou “os fiéis de Paris e de toda a França a procurarem o Deus vivo que nos mostrou a sua verdadeira face em Jesus presente na Eucaristia, estimulando-nos a amar os nossos irmãos, assim como Ele nos amou”.
A seguir, falando de Lourdes, definiu a pequenina cidade dos Altos Pirineus como “um lugar de luz, de oração, de esperança e de conversão fundamentadas na rocha do amor de Deus, que teve a sua revelação culminante na Cruz gloriosa de Cristo”. “Na escola de Maria, primeira e prefeita discípula do Crucificado – prosseguiu Bento XVI – os peregrinos aprendem a considerar as cruzes da sua vida precisamente à luz da Cruz gloriosa de Cristo”:
“Deus tanto nos amou a ponto de dar-se a si mesmo por nós: é esta a mensagem da Cruz, ‘mistério de morte e de glória. A Cruz lembra-nos que não há verdadeiro amor sem sofrimento, não há dom da vida sem dor. Muitos aprendem esta verdade em Lourdes, que é uma escola de fé e de esperança, porque é também escola de caridade e de serviço aos irmãos. Foi neste contexto de fé e de oração que se realizou o encontro importante com o episcopado francês: foi um momento de intensa comunhão espiritual no qual confiamos juntos à Virgem as expectativas e preocupações pastorais comuns”.
O papa confidenciou aos fiéis presentes na audiência a emoção que sentiu ao observar o silêncio religioso dos peregrinos em Lourdes:
“Era comovente o silêncio destes milhares de homens, o silêncio diante do Senhor, um silêncio não vazio, mas repleto de oração e de consciência da presença de Deus, que nos ama, que nos amou até a Cruz”.
Bento XVI concluiu a sua catequese com estas palavras:
“Maria, ao aparecer a Santa Bernadette, abriu no mundo um espaço privilegiado para encontrar o amor divino que cura e salva. Em Lourdes, a Virgem Santa convida todos a considerarem a terra como lugar da nossa peregrinação para a pátria definitiva, que é o Céu”.
Ao final da catequese em italiano, o papa saudou os fiéis e turistas presentes nas suas respectivas línguas. Vejamos as suas palavras em português:

"Amados Irmãos e Irmãs, agradecei comigo ao Senhor pelo sucesso da Viagem Pastoral que a Providência permitiu-me realizar na França. De modo particular, louvemos a Maria Santíssima pelos dons espirituais que ela nos quis alcançar através da Trindade Beatíssima. Saúdo a todos os visitantes brasileiros aqui presentes, especialmente os de Jataí do Estado de Goiás, acompanhados pelo seu Bispo Diocesano, D. Aloísio Hilário Pinho. Que Deus vos assista, e a todos os peregrinos de língua portuguesa, com a minha Bênção Apostólica". RealAudioMP3

Ao término da Audiência Geral, o Papa deixou o Vaticano e retornou, de helicóptero, à Residência de verão de Castel Gandolfo, nas imediações de Roma. (PL)







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