CARDEAL TAURAN FAZ BALANÇO DA VIAGEM DO PAPA À FRANÇA
Cidade do Vaticano, 16 set (RV) - Bento XVI encontra-se, desde a tarde desta
segunda-feira, na residência de verão de Castel Gandolfo, na conclusão de sua X Viagem
Apostólica à França, para celebrar os 150 anos das aparições de Nossa Senhora em Lourdes.
Mas que balanço poderíamos fazer dessa viagem intensa? Foi o que a Rádio Vaticano
perguntou ao presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, o cardeal
francês Jean-Louis Tauran:
Cardeal Jean-Louis Tauran:- "O balanço é
extremamente positivo. Impressionou-me a relação de confiança estabelecida entre esta
papa e a juventude: o Santo Padre suscitou grande entusiasmo, quando lhes confiou
seus dois tesouros _ a Cruz e o Espírito Santo. Foi muito corajoso de sua parte e
foi comovente ver a resposta. O papa viu a Igreja na França como ela é; por outro
lado, a França viu quem é este papa. Algo de novo apareceu diante do olhar de todos:
uma comunidade católica na França muito viva, que não tem medo de mostrar-se como
é, que é serena diante das dificuldades. Além disso, impressionou-me muito também,
a alta qualidade das liturgias, especialmente a de Paris, que foi praticamente perfeita,
e isso mostra que se está fazendo o melhor em matéria de liturgia depois do Concílio."
P.
Foi dito que seria uma viagem difícil: a França é um país secularizado, os bispos
têm grandes preocupações em nível pastoral; Bento XVI não era bem conhecido pelos
franceses, que tinham também preconceitos contra ele… Agora, fazendo a soma, grande
parte da imprensa francesa fala de sucesso. O senhor concorda com essa impressão? Cardeal
Jean-Louis Tauran:- "Sim. Sim. Acho que sim. Aliás, foi o que lhe disse quando
o saudei. Disse-lhe: "Santo Padre, conquistou a França." No discurso ao mundo da cultura,
no Colégio dos Bernardinos, ele reiterou claramente, a fecundidade do encontro entre
fé e razão: isso é importante para a França, que tem uma herança anticlerical."
P.
Um dos discursos mais fortes dessa viagem foi, sem dúvida, o que o papa dirigiu aos
bispos, domingo passado, em Lourdes. Bento XVI não evitou temas espinhosos, inclusive
o do motu proprio Summorum Pontificum e o da situação dos divorciados
que voltam a se casar. O papa fez uma série de recomendações aos bispos: o que o senhor
pensa do tom desse discurso? Cardeal Jean-Louis Tauran:- "É uma mensagem
fraterna. Mais de uma vez, o papa parabenizou os bispos por seu compromisso apostólico,
disse-lhes que conhece suas fadigas, que a situação não é fácil, mas que os apóia.
Fez um apelo forte em favor da pastoral das vocações, e os bispos ficaram muito tocados
pela mensagem."
P. Bento XVI e Nicolas Sarkozy: havia muita expectativa
por suas considerações sobre a laicidade… Cardeal Jean-Louis Tauran:-
"O senhor sabe que esse foi um assunto que tratei durante anos, quando estava na Secretaria
de Estado, encarregado das Relações com os Estados; dediquei a esse tema grande atenção.
Gostaria de ressaltar uma coisa: o papa não falou de separação, nem de distinção e,
na realidade, é justo, porque não se pode separar a Igreja da sociedade. Disse também,
que há ainda muito terreno aberto para o diálogo e fez votos de que haja uma nova
reflexão sobre o verdadeiro sentido da laicidade. Penso, sem dúvida, que o papa abordou
muito bem o problema!"
P. O senhor espera uma evolução nesse campo? Cardeal
Jean-Louis Tauran:- "Isso depende do processo do diálogo entre o Governo e a Igreja,
com esta comissão presidida pelo núncio apostólico. Penso que, realmente, o clima
está mudando, mas o que é necessário agora, é alcançar resultados concretos, porque
a teoria é importante, mas afinal é necessário "aterrissar", como se costuma dizer."
(PL)