Papa recorda a vocação de Lourdes: ser lugar de encontro com Deus na oração e de serviço
aos irmãos - os doentes, os pobres, os que sofrem
Foi uma mensagem de esperança que Bento XVI quis deixar em Lourdes, na Missa deste
domingo em que a Igreja celebra a Exaltação da Cruz. O Papa começou por evocar a significação
deste mistério: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu filho único, para que
os homens sejam salvos. O Filho de Deus fez-se vulnerável, tomando a condição de servo,
obediente até à morte, e morte de cruz. È pela sua Cruz que somos salvos”. “Elevando
os olhos para o Crucificado, nós adoramos Aquele que veio tirar o pecado do mundo,
dando-nos a vida eterna. E a Igreja convida-nos a elevar com santo orgulho esta Cruz
gloriosa para que o mundo possa ver até aonde chegou o amor do Crucificado por todos
os homens. Dando assim graças a Deus porque de uma árvore que trazia a morte, surgiu
de novo a vida”. Bento XVI recordou que, na primeira aparição a Bernardette,
foi com o sinal da Cruz que Maria deu início àquele encontro. “Mais do que um simples
sinal, é uma iniciação aos mistérios da fé que Bernardete recebe de Maria. O sinal
da Cruz é de algum modo a síntese da nossa fé, por nos diz como Deus nos amou. Diz-nos
que, no mundo, há um amor mais forte do que a morte, mais forte do que as nossas debilidades
e os nossos pecados. A potência do amor è mais forte do que o mal que nos ameaça”.
“Foi o mistério da universalidade do amor de Deus por todos os homens que Maria
veio recordar aqui, em Lourdes. Ela convida todos os homens de boa vontade, todos
os que sofrem no coração ou no corpo, a elevar os olhos para a Cruz de Jesus, para
aí encontrar a nascente da vida, a nascente da salvação”. “Para acolher nas nossas
vidas esta Cruz gloriosa, a celebração do jubileu das aparições de Nossa Senhora a
Lourdes faz-nos entrar num processo de fé e de conversão. Maria vem hoje ao nosso
encontro para nos indicar os caminhos de uma renovação da vida das nossas comunidades
e de cada um de nós”. “A vocação primeira do santuário de Lourdes é a de ser um
lugar de encontro com Deus na oração, e um lugar de serviço dos irmãos, nomeadamente
pelo acolhimento dos doentes, dos pobres e de todas as pessoas que sofrem. Neste lugar,
Maria vem até nós como mãe, sempre disponível às necessidades dos seus filhos. Através
da luz que emana do seu rosto, è a misericórdia de Deus que transparece.” “A mensagem
de Maria è uma mensagem de esperança para todos os homens e mulheres do nosso tempo,
de todo e qualquer país. Apraz-me invocar Maria como estrela de esperança.
Nos caminhos da nossa vida, tantas vezes sombrios, ela è uma luz de esperança que
nos ilumina e nos orienta na nossa marcha. Pelo seu Sim, pelo dom generoso de si mesma,
ela abriu a Deus as portas do nosso mundo e da nossa história. Ela convida-nos a viver
como ela numa esperança invencível, recusando dar ouvidos aos que pretendem que estamos
encarcerados na fatalidade. Ela nos acompanha com a sua presença materna no meio dos
acontecimentos da vida das pessoas, das famílias e das nações. Felizes os homens e
as mulheres que põem a sua confiança n’Aquele que, no momento de oferecer a sua vida
para a nossa salvação, nos deu a sua Mãe para que seja a nossa Mãe”
No final
da celebração, pouco faltava ao meio-dia, Bento XVI pronunciou a breve alocução que, como
todos os domingos, precede a recitação do Angelus. E fê-lo comentando o sentido do
privilégio mariano da Imaculada Conceição, privilégio que (observou), embora a distinga
da nossa condição comum, não a afasta de nós, pelo contrário. “Ao passo que o pecado
divide, afasta-nos uns dos outros, a pureza de Maria torna-a infinitamente próxima
dos nossos corações, atenta a cada um de nós e desejosa do nosso autêntico bem”. Como
em todos os santuários marianos, multidões de peregrinos acorrem aos pés de Maria,
em Lourdes, para lhe confiarem o que cada um tem de mais íntimo, aquilo que mais tem
a peito. Confiam assim ao Coração imaculado de Maria, com simplicidade, em verdade,
o que muitos não ousam confiar a mais ninguém. “Diante de Maria, em virtude da
sua pureza, o homem não hesita em mostrar-se na sua fraqueza, em confiar as suas questões
e dúvidas, formular as suas esperanças e os seus desejos mais secretos. O amor maternal
da Virgem Maria desarma todo e qualquer orgulho. Torna o homem capaz de se ver tal
como è e inspira-lhe o desejo de se converter para dar glória a Deus”. Nas saudações
em diversas línguas, após a bênção final, aos diferentes grupos de peregrinos, Bento
XVI exprimiu-se também em língua portuguesa.