Lourdes, 13 set (RV) - O Papa encontra-se em Lourdes, segunda e última etapa
da sua Visita Pastoral à França. O avião da Air France, proveniente do aeroporto de
Orly de Paris, chegou a Tarbes, pelas 18h30, hora local. Ali o Santo Padre tomou o
helicóptero que pousou no estádio de Lourdes, onde recebeu as boas-vindas, de modo
informal e sem discursos, das autoridades civis e religiosas locais, entre as quais
o Prefeito e o bispo de Tarbes-Lourdes, Dom Jacques Perrier.
A seguir, o Pontífice
iniciou, de papa-móvel, o “Caminho do Jubileu” dos 150 anos das aparições de Nossa
Senhora a Bernadete de Soubirous. Trata-se de um percurso que todo peregrino, que
vai a Lourdes este ano, é convidado a fazer.
O Caminho do Jubileu é composto
de quatro etapas ou lugares ligados à vida de Bernadete: a fonte batismal; a casa
onde viveu com sua família; a gruta onde ocorreram as aparições, e a capela na qual
recebeu a primeira comunhão.
Na “primeira etapa”, a igreja, onde Bernadete
foi batizada, o Papa foi acolhido pelo pároco, que o acompanhou em um breve momento
de oração e à fonte batismal, onde Bernadete recebeu o primeiro Sacramento.
Em
seguida, o cortejo papal se transferiu para a casa de Santa Bernadete, chamada ‘cachot’,
(prisão), pois a residência, no passado, era um cárcere que depois foi abandonado
e, de conseqüência, ocupado pela pobre família da vidente. Acompanhado pelo bispo
de Tarbes e Lourdes, o Santo Padre rezou e beijou o Rosário de Bernadete, enquanto
um coral entoou o canto da Ave Maria de Lourdes.
Depois, ainda de papa-móvel,
o Pontífice se dirigiu à Gruta de Massabielle, coração do Santuário mariano, terceira
etapa jubilar: passou diante da fonte da gruta e bebeu água, que lhe foi oferecida
por uma criança. Ali, acendeu um círio e se retirou, em silêncio.
A quarta
e última etapa do Caminho: a Capela onde Bernadete recebeu a primeira comunhão, que
se encontra dentro do atual Hospital de Lourdes, será visitada por Bento XVI na manhã
de segunda-feira, como coroação da sua visita a Lourdes.
A seguir, Bento XVI
se dirigiu à Casa de Retiros São José, onde ficará hospedado nestes dias de permanência
em Lourdes. Após o jantar, dirigiu-se, ao Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, para
participar da tradicional Procissão de Velas.
O Santo Padre entrou pela Porta
da Cripta, na parte superior do Santuário, e foi até ao terraço inferior da Basílica
do Rosário. A procissão de velas iniciou na Gruta das Aparições e, ao percorrer o
trajeto estabelecido, se concluiu diante da Basílica. Do terraço, o Papa acompanhou
a última etapa da procissão, enquanto os fiéis meditavam os Mistérios Luminosos do
Terço.
Na conclusão da procissão, Bento XVI pronunciou um discurso detendo-se
no 150º (centésimo qüinquagésimo) das Aparições de Nossa Senhora de Lourdes a Bernadete,
objetivo desta X Viagem Apostólica do seu Pontificado:
“Há 150 anos, no
dia 11 de fevereiro de 1858, neste lugar, chamado de Gruta de Massabielle, fora do
centro habitado, uma simples menina de Lourdes, Bernadete de Soubirous, viu uma luz
que envolvia uma jovem senhora bela. A senhora dirigiu-se a ela, com bondade e doçura,
respeito e confiança.
Naquela conversação e diálogo, repleto de delicadeza,
continuou o Papa, aquela bela Senhora encarregou Bernadete para transmitir à sua gente
algumas mensagens simples de oração, penitência e conversão.
A bela Senhora,
em aparições sucessivas, precisamente em 25 de março daquele mesmo ano de 1858, revelou
seu nome: “Eu sou a Imaculada Conceição”. E o Papa continuou falando da localidade
de Lourdes, que hoje conta com um dos Santuários marianos mais freqüentados e famosos
do mundo:
Lourdes é um dos lugares que Deus escolheu para fazer resplandecer
um raio especial da sua beleza. Ali, o símbolo da luz se reveste de particular importância.
A partir da quarta aparição, Bernadete ali acendia, todas as manhãs, uma vela, para
que a Virgem lhe aparecesse.
A partir daquele momento, hoje, milhões de
pessoas imitam o gesto daquela simples menina, naquele lugar de luz e de paz, de onde
se elevam as orações dos peregrinos e enfermos, que expressam suas preocupações e
necessidades, mas também e, sobretudo, a sua fé e esperança. Durante as aparições,
Bernadete rezava sempre o Terço, recomendado pela Virgem Maria. E o Papa acrescentou: Por
meio de Bernadete, a Virgem Maria nos pede, hoje, para virmos aqui em procissão, com
simplicidade e fervor. A procissão de velas traduz aos nossos olhos o mistério da
oração: na comunhão eclesial, que une os eleitos do céu aos peregrinos da terra, a
luz brota do diálogo entre o homem e o Senhor.
Assim, diz o Pontífice,
abre-se, na história dos homens, um caminho luminoso, apesar dos momentos obscuros
e de austeridade. Esta procissão reveste-se de alegria eclesial e de solidariedade
com todos aqueles que sofrem. E o Papa concluiu:
Pensemos nas vítimas inocentes,
que padecem pelas violências, guerras, terrorismo, penúria ou que sofrem pelas conseqüências
da injustiça, dos flagelos e calamidades, do ódio e opressão, pelos atentados à dignidade
humana e aos seus direitos fundamentais, à liberdade de ação e de pensamento.
O
Pontífice recordou ainda as tantas pessoas que padecem por problemas familiares, desemprego,
enfermidade, solidão e imigração. Enfim, por todos aqueles que padecem por causa do
nome de Cristo e morrem por Ele. Através da Cruz, que a Liturgia celebra amanhã, disse
Bento XVI, toda a nossa vida recebe luz e força, esperança e amor.
Ao término
do seu discurso, muito aplaudido, o Santo regressou à vizinha Casa de Retiros São
José, para pernoitar. (MT)