Imensa multidão na Missa do Papa, sábado de manhã, em Paris. Na homilia, Papa evocou
os ídolos de hoje e apresentou o mistério eucarístico como único antídoto contra os
falsos deuses
O Papa comentou as leituras da missa deste sábado, citando São João Crisóstomo, cuja
memória a Igreja celebra neste dia 13 de Setembro. Antes de mais, o texto da primeira
Carta aos Coríntios em que São Paulo exorta a “fugir ao culto dos ídolos”. O Papa
interrogou-se sobre quais são os ídolos do mundo contemporâneo, uma questão a que
nenhum homem honesto pode escapar. Por outras palavras: O que é mais importante na
minha vida? O que é ocupa o primeiro lugar? “O ídolo é um engano, porque afasta da
realidade quem o serve, fechando-o no reino da aparência”. Ora – sublinhou – trata-se
duma tentação própria da nossa época: “Tentação de idolatrar um passado que já não
existe, esquecendo as suas carências; tentação de idolatrar um futuro que ainda não
existe, pensando que o homem é capaz, só com as suas forças, de alcançar na terra
a felicidade eterna!” Ora São Paulo explica que “a cupidez insaciável é uma idolatria”
e que “o amor do dinheiro é a raiz de todos os males”. Por outro lado – sublinhou
o Papa – “esta condenação radical da idolatria não é de modo algum condenação do idólatra”.
“Nunca, nos nossos juízos, devemos confundir o pecado que é inaceitável , e o pecador,
cujo estado de consciência nós não podemos julgar, e que, em todo o caso, é sempre
susceptível de conversão e de perdão”. Finalmente, citando São Paulo, Bento XVI advertiu
que “Deus nunca pede ao homem para sacrificar a sua razão!” “A razão nunca entra em
contradição real com a fé! O único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo criou a nossa
razão e deu-nos a fé, propondo à nossa liberdade que a recebêssemos como um dom precioso.
É o culto dos ídolos que desvia o homem desta perspectiva , e a própria razão pode
forjar ídolos. Peçamos pois a Deus, que nos vê e escuta, que nos ajude a purificarmo-nos
de todos os nossos ídolos, para aceder à verdade do nosso ser, para aceder à verdade
do Seu ser infinito”. Na parte final da homilia da Missa deste sábado, em Paris,
na esplanada dos Inválidos, Bento XVI deteve-se sobre o mistério eucarístico, “revelação
extraordinária que vem de Cristo, transmitida pelos Apóstolos e por toda a Igreja
desde há dois mil anos”. Daqui a exortação do Papa: “Irmãos e irmãs, cerquemos da
maior veneração o sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, o Santíssimo Sacramento
da presença real do Senhor à sua Igreja e a toda a humanidade. Nada negligenciemos
para lhe manifestar o nosso respeito e o nosso amor!” "Elevar o cãlice da salvação
e invocar o nome do Senhor é precisamente o melhor meio para fugir dos ídolos": "Celebrar
a Eucaristia significa reconhecer que só Deus nos pode oferecer a felicidade em plenitude
e ensinar-nos o verdadeiros valores, os valores eternos que nunca conhecerão ocaso".
A meio da tarde, o Papa parte para Lourdes, meta principal desta sua viagem
apostólica. Por volta das 19 horas, rezará na gruta de Massabielle Sexta-feira
à tarde, após ter tomado a palavra no Colégio dos Bernardinos perante uma ampla assembleia
de personagens da cultura francesa, Bento XVI presidiu à celebração de Vésperas na
catedral de Notre Dame. No final, dirigiu a palavra aos jovens congregados no adro
da catedral para uma vigília de oração.