Roma, 11 set (RV) - O apelo lançado por Bento XVI em Cagliari, domingo passado,
por ‘uma nova geração de leigos cristãos engajados na política’, ainda repercute bastante
na Itália.
“Atualizações sociais” é uma revista mensal de pesquisa e ação
social de inspiração cristã. O editorial do número de setembro, assinado pelo diretor,
o jesuíta pe. Bartolomeo Sorge, se intitula “Católicos desiludidos, mas não acomodados”,
e ilustra um quadro dos católicos italianos. Para o sacerdote e jornalista, assim
como toda a política, ‘os católicos democráticos estão em crise, dispersos entre esquerda
e direita, sem cultura política e programação. Alguns dos desiludidos se voltam para
o social, outros permanecem na política, mas sem algum entusiasmo’.
Neste contexto
de vazio de projetos e de cultura, os católicos podem colher o momento oportuno para
uma iniciativa eficaz de renovação. Partindo do fato que os católicos estão em todos
os partidos, padre Sorge recorda o ponto da constituição pastoral ‘Gaudium et Spes’,
relativo à participação política dos católicos, que indica: as atividades temporais
que os católicos praticam em seu nome podem ser realizadas em grupo, e sendo assim,
o engajamento dos católicos bem formados em partidos políticos é bem-vindo, desde
que não se fechem em grupos. O sacerdote sugere a união e a partilha dos valores
de inspiração cristã e de democracia leiga para afirmá-los com mais eficácia.
Outro
ponto de vista é o do Cardeal Ersilio Tonini, arcebispo emérito de Ravenna, que afirma,
em entrevista à agência ANSA: “Não se pode dar por certo que católicos façam política
melhor do que os outros. Depende do modo em que concebem a política, das intenções
e do empenho dedicado”.
Segundo o cardeal, não é a ‘profissão' de católico
que qualifica a ação, mas o modo como se doa, a pureza de suas intenções, a generosidade,
a sinceridade total, a autenticidade... porque o Senhor vê dentro dos corações’.
O
cardeal Tonini afirmou que ‘é preciso ter a coragem de dizer com muita clareza que
a política não é a sujeira que todos pensam. O próprio primeiro mandamento bíblico
diz que os homens devem cuidar dos homens. A maternidade e a paternidade nos ensinaram
tudo isso’ – reflete o cardeal Tonini. (CM)