Roma, 10 set (RV) - “Tomar as impressões digitais dos ciganos? Não, dos torcedores
de futebol violentos”. É a opinião do semanal católico ‘Família Cristã’, publicação
mais lida da Itália, comentando a proposta do ministério do interior italiano de recensear
as crianças nômades que vivem no país.
O diretor do semanal, Beppe Del Colle,
cita pronunciamentos da Igreja e do papa sobre os ‘novos racismos’ que estão surgindo
na Europa por causa dos imigrantes, principalmente clandestinos, dos quais se fala
somente quando interessa à segurança dos cidadãos.
O diretor acusa todos os
órgãos de informação italianos, com exceção de Avvenire e Osservatore Romano, de não
ter nem mesmo citado o recente congresso mundial promovido na Alemanha pelo Pontifício
Conselho da Pastoral para Migrantes e Itinerantes com o tema “A realidade religiosa
da juventude cigana e os relativos desafios para a Igreja”.
Neste contexto
de contradição entre moral universal e moral pessoal, a crítica aos projetos do governo
deve ser vista como um estímulo para buscar soluções mais justas e humanas. Neste
caso, por exemplo, o editorial sugere seguir a indicação do papa, que pediu recentemente
uma ‘nova geração de políticos católicos’.
Falando de futebol, o artigo lembra
as violências ocorridas no primeiro domingo do campeonato italiano, constatando que
‘os ministros passam, os governos mudam, mas os torcedores violentos gozam da mesma
impunidade.
A este ponto, a referência ao premiê e presidente do Milan FC,
Silvio Berlusconi é clara: “O futebol e seus torcedores violentos, podem ser perdoados,
ou comprados?”. “Como pode o esporte oferecer à sociedade civil mortos, feridos, devastações
e conflitos urbanos? Principalmente com um governo que baseou sua plataforma eleitoral
na segurança e na ‘tolerância zero’!”.
‘Família Cristã’ recomenda ao ministro
do interior que recenseie os violentos e incivis e dissolva as torcidas organizadas,
mesmo que isso desagrade aos patrões do ‘circo do futebol’, ao invés de mandar às
ruas a polícia militar para enumerar os ciganos.
E conclui: “As despesas e
os salários dos jogadores são imorais: um verdadeiro tapa na cara na pobreza do país”.
(CM)