AUDIÊNCIA GERAL: SÃO PAULO, O EVANGELIZADOR POR EXCELÊNCIA
Cidade do Vaticano, 10 set (RV) - Na catequese da audiência geral desta quarta-feira,
também hoje dedicada a São Paulo, Bento XVI destaca que Paulo de Tarso ensina que
ser apóstolo significa anunciar a “alegria de Cristo” ao mundo. O papa deteve-se
de modo particular na nova condição de vida a que Paulo se sentia investido pelo Senhor
de anunciar o seu Evangelho na qualidade de apóstolo e concluiu fazendo votos de que
as testemunhas do Evangelho de todos os tempos sejam essencialmente “apóstolos da
alegria de Cristo”. A serviço do Evangelho “vinte e quatro horas ao dia”, corajoso
até a abnegação em suportar, em nome e por amor a Jesus, açoites, prisões, naufrágios,
fadigas, viagens extenuantes. O papa explicou que Paulo de Tarso sabia muito bem que
a palavra “apóstolo” quer dizer “enviado”, um embaixador, portador da mensagem de
alguém por quem doar-se ao extremo. E sendo o próprio Cristo este “alguém” que o havia
arrebatado às portas de Damasco, Paulo sabe muito bem igualmente – como o ressalta
inclusive nas suas Cartas – que ele se fez apóstolo por um verdadeiro chamamento interior
e não por um ato de vontade humana; o apóstolo não se faz por si, mas é feito tal
pelo Senhor. “Em definitiva, é o Senhor quem constitui no apostolado, não a
presunção pessoal. O apóstolo não se faz por si, mas é feito tal pelo Senhor; por
isto, o apóstolo precisa ter sempre como ponto de referência o Senhor. Não é por acaso
que Paulo diz que é «apóstolo por vocação», ou seja, «não da parte de homens, nem
por meio de algum homem, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai»”. Um escolhido,
portanto, “como que selecionado pela graça de Deus”, o qual se, de um lado, reconhece
plenamente a supremacia dos Doze escolhidos por Jesus durante a vida terrena de Cristo,
definindo-se em várias ocasiões como “o ínfimo dos apóstolos”, do outro, manifesta
uma concepção mais ampla do empenho que cabe a um anunciador do Evangelho: “Faz-se
claro, portanto, que o conceito paulino de apostolado não se restringe ao grupo dos
Doze. Paulo sabe naturalmente distinguir bem o seu caso do caso daqueles que foram
apóstolos antes dele: reconhece a esses um lugar todo especial na vida da Igreja.
No entanto, como todos sabem, também São Paulo interpreta-se a si mesmo como apóstolo
em sentido estrito. Certo é que, no tampo das origens cristãs ninguém percorreu tantos
quilômetros quanto ele, por terra e por mar, com o único objetivo de anunciar o Evangelho”.
Ser escolhido por “iniciativa” divina e ser enviado são duas das três características
que Bento XVI destacou da concepção que se tem do termo “apóstolo” na experiência
paulina. A terceira característica refere-se ao ”exercício do anúncio do Evangelho”
com a “conseqüente fundação de igrejas”. “O título de apóstolo não é e não pode ser
um título honorífico, afirmou o papa. Esse título empenha concretamente e mesmo dramaticamente
toda a existência da pessoa em questão”: “Um elemento típico do verdadeiro
apóstolo, que São Paulo destaca bem, é uma espécie de identificação entre Evangelho
e evangelizador, ambos destinados à mesma sorte. Com efeito, ninguém como Paulo evidenciou
que o anúncio da cruz de Cristo se afigura como ‘escândalo e loucura’ ante a qual
muitos reagem com a incompreensão e a rejeição. É o que acontecia naquele tempo e
não deve admirar que aconteça o mesmo também hoje (…) É esta a missão de todos os
apóstolos de Cristo em todos os tempos: ser cooperadores da verdadeira alegria”. Ao
final da audiência, como sempre, o papa saudou os diversos grupos presentes nas suas
respectivas línguas. Ouçamos as suas palavras em português, seguidas da Bênção Apostólica:
"Caros amigos, saúdo cordialmente a quantos me escutam de língua portuguesa,
em particular os portugueses da Paróquia de Matosinhos, e os brasileiros do Rio Grande
do Sul e de Mauá em São Paulo. Sede bem-vindos! E que leveis desta visita a Roma a
certeza que é apelo: Jesus Cristo morreu por nós, para a nossa salvação! Que vos iluminem
os testemunhos de São Pedro e São Paulo e vos assista a graça de Deus, que imploro
para vós e vossas famílias, com a Bênção Apostólica". Depois
da audiência geral, Bento XVI deixou o Vaticano, de helicóptero, e regressou à Residência
papal de verão em Castel Gandolfo, onde permanecerá até o final deste mês de setembro.