DIREITOS HUMANOS: IGREJA PERUANA APÓIA ATUAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS DURANTE CONFLITO
INTERNO
Lima, 1º set (RV) – A atitude da Igreja diante do conflito interno que envolveu
o Peru, de 1980 e 2000, e sua defesa do papel exercido pelas forças de segurança,
naqueles anos, desencadearam um novo debate na sociedade peruana.
O cardeal-primaz
da Igreja no Peru, Juan Luis Cipriani Thorne, arcebispo de Lima, criticou neste sábado,
em sua homilia na santa missa pela tradicional festividade de Santa Rosa, que "tenha
virado moda" atacar as forças de segurança e que a defesa dos direitos humanos tenha
ficado nas mãos "de um pequeno grupo ideológico".
O Cardeal Thorne comentou
com essas palavras o informe da Comissão de Verdade e Reconciliação que, na semana
passada cumpriu cinco anos de publicação. No documento, se denunciava a responsabilidade
das forças armadas e da polícia nos atos da chamada "guerra suja" levada a cabo na
luta contra o terrorismo.
Entre outras coisas, o cardeal pediu que o Peru acolhesse
"com respeito e gratidão, sem ideologias e sem ódio, a presença da polícia e das forças
armadas".
O informe final da Comissão de Verdade e Reconciliação revela que
a guerra suja entre os grupos terroristas e as forças do governo, no período de 1980
a 2000, deixou um saldo de 70 mil mortos e desaparecidos, dos quais apenas 18.397
puderam ser devidamente identificados.
A comissão atribuiu às forças da ordem
e aos grupos paramilitares, 44,5% das mortes registradas no período, enquanto as atividades
do Sendero Luminoso provocaram 54% das mortes. (AF)