ANGELUS: A MORTE DE CRISTO DEBELA OS MALES DO MUNDO
Castel Gandolfo, 31 ago (RV) - Bento XVI rezou, esta manhã, ao meio-dia, a
oração do Ângelus, com os milhares de peregrinos, fiéis e turistas, presentes no pátio
interno da Residência Apostólica de Castel Gandolfo, nas imediações de Roma.
Antes
da oração, como faz habitualmente, o Santo Padre pronunciou a sua alocução dominical,
fazendo um breve comentário sobre a liturgia do dia, onde o Apóstolo Pedro aparece
em primeiro plano, com uma fé ainda imatura e muito ligada à mentalidade do mundo.
De
fato, quando Jesus começa a falar do fato, que deveria acontecer em Jerusalém, ou
seja, que ele deveria sofrer, morrer e ressuscitar, Pedro protesta. É
evidente, disse o Papa, que o Mestre e o discípulo seguem dois modos de pensar opostos:
Pedro, segundo a lógica humana, tem certeza de que Deus jamais permitiria ao seu Filho
concluir a sua missão com a morte de cruz. Jesus, ao invés, sabe que o Pai, no seu
imenso amor pelos homens, o enviou precisamente para dar a vida pelos homens, mediante
a paixão e a cruz.
Por outro lado, explicou o Pontífice, Jesus sabe que
a última palavra seria a Ressurreição. O protestO de Pedro, feit com boa fé e por
sincero amor pelo seu Mestre, ressoa como uma tentação, como convite a salvar a si
próprio. No entanto, dando a sua vida, Cristo a renova, por todos nós, para sempre.
E Bento XVI acrescentou:
Se, para salvar-nos, o Filho de Deus teve que sofrer
e morrer crucificado, não foi, certamente, por um desígnio cruel do Pai celeste. A
causa foi a gravidade da doença, da qual devia sarar-nos. Trata-se de um mal tão sério
e mortal, a ponto de necessitar de todo o seu sangue.
De fato, disse o
Pontífice, com a sua morte e ressurreição Jesus debelou o pecado e a morte, restabelecendo
a senhoria de Deus. Mas, a luta não terminou: o mal existe e resiste em todas as gerações,
também em nossos dias. E o Papa perguntou: O que são os horrores
da guerra, as violências contra os inocentes, a miséria e a injustiça que incumbem
sobre os mais fracos, senão a oposição do mal ao Reino de Deus? E como não responder
a tanta maldade senão com a força desarmada do amor, que vence o ódio, da vida que
não teme a morte? Trata-se da mesma força misteriosa que Jesus utilizou, a custo de
ser incompreendido e abandonado por muitos dos seus discípulos.
Para cumprir
plenamente a obra da salvação, o Redentor continua a associar, a si e à sua missão,
homens e mulheres, dispostos a tomarem a cruz e a segui-lo. Como aconteceu com Cristo,
assim também, para os cristãos, não é facultativo carregar a cruz, mas é uma missão
que deve ser abraçada com amor. E o Santo Padre concluiu:
Em nosso mundo
atual, onde parecem dominar as forças que dividem e destroem, Cristo não cessa de
propor a todos seu claro convite: quem quiser ser meu discípulo, renegue o próprio
egoísmo e carregue comigo a cruz.
Bento XVI terminou sua alocução dominical
invocando a proteção de Nossa Senhora, que, por primeiro e até o fim, seguiu Jesus
no caminho da cruz. Que ela, disse o Papa, nos ajude a seguir o Senhor com decisão,
a fim de experimentarmos, desde já, apesar das provações, a glória da ressurreição.
Após
a oração mariana do Ângelus, o Santo Padre recordou que, nestas últimas semanas, a
mídia registrou um aumento dos episódios de imigração irregular da África. Muitas
vezes, a travessia do Mar Mediterrâneo, rumo ao continente europeu, - visto como uma
âncora de esperança para fugir de situações adversas e insustentáveis, - transforma-se
em tragédia:
A migração é um fenômeno presente, desde o início da história
da humanidade, e sempre caracterizou as relações entre povos e nações. Tal emergência
nos interpela e solicita a nossa solidariedade e, ao mesmo tempo, exige respostas
políticas.
Aqui, o Papa reconheceu e encorajou as instâncias, que, com
responsabilidade e espírito humanitário, estão se preocupando em nível regional, nacional
e internacional, mediante iniciativas e acordos.
Porém, os países, dos quais
provêm os emigrantes, também devem demonstrar bom senso e colaboração, para que seja
resolvido o problema da migração irregular e clandestina, muitas vezes acompanhada
de formas de criminalidade.
O Santo Padre concluiu a oração mariana, neste
domingo, cumprimentando os vários grupos de peregrinos e fiéis, presentes em Castel
Gandolfo, em seis línguas. (MT)