EXPECTATIVA POR DECISÃO DO STF SOBRE TERRAS INDÍGENAS
Cidade do Vaticano, 26 ago (RV) - Dom Erwin Krautler, bispo da prelazia de
Xingu (PA), disse ontem em Brasília temer os efeitos de uma eventual decisão judicial
que modifique a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
O
Supremo Tribunal Federal (STF) julgará amanhã ações que contestam a demarcação promovida
pelo governo federal e foram impetradas com objetivo de garantir a permanência de
arrozeiros e famílias de agricultores brancos em parte da área de 1,7 milhão de hectares.
“Se
decidirem contra os povos indígenas, se criaria um precedente fatal. Toda área hoje
demarcada e homologada seria passível de um novo estudo” – diz dom Erwin.
Com
efeito, caso derrube o decreto que homologou 1,7 milhão de hectares em área contínua
a cerca de 20 mil índios de Roraima, o STF abriria um precedente que pode permitir
a revisão de outras 615 áreas – um total de 109,6 milhões de hectares ou 13% do território
nacional – onde vivem atualmente entre 750 mil a 1 milhão de índios, divididos em
220 etnias, 27% delas na região Amazônica.
“De repente - adverte dom Erwin
- vão descobrir riquezas naturais e dizer que a homologação não vale. Estou com muito
medo, porque as forças do capital são tremendas e querem avançar sobre as áreas”,
afirmou dom Erwin.
A redação brasileira da RV recebeu, em julho, a visita
de uma delegação de indígenas de Raposa Serra do Sol, em Roraima. Uma das lideranças
explicou a importância da terra para seu povo.
INDIA
O relator
especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e as Liberdades Fundamentais dos
Povos Indígenas, James Anaya, fez uma visita de 12 dias na região, e ontem, pediu
diálogo:
“O que eu esperaria é que houvesse um diálogo entre as partes para
se chegar a um acordo sobre o desenvolvimento adequado para todos na região”, afirmou
o relator especial das Nações Unidas. (CM)