SINDICATO PROÍBE TRANSPLANTES ENTRE CRISTÃOS E MUÇULMANOS
Cairo, 20 ago (RV) - O Sindicato de médicos egípcio proibiu o transplante de
órgãos entre cristãos e muçulmanos. A decisão provocou a irritação tanto nas Igrejas
como nas mesquitas, e levantou o temor de que possa incitar a uma maior tensão sectária.
“Temos todos sangue egípcio e se o motivo da medida é proibir o tráfico de
órgãos, nós a recusamos, porque pode ocorrer também entre fiés da mesma religião”,
manifestou o bispo Marcos, um dos porta-vozes da Igreja ortodoxa copta. Na sua opinião,
a decisão do Sindicato é muito grave, uma vez que pode conduzir a outros caminhos,
como a proibição de doações de sangue entre cristãos e muçulmanos, ou impedir que
um médico examine um doente de outra religião. “Temo mesmo que, no futuro, haja hospitais
para cristãos e outros para muçulmanos”, frisou, explicando a preocupação da Igreja,
cujos fiéis correspondem a 10% da população egípcia, mais de 76 milhões da habitantes.
Segundos
as novas instruções do Sindicatos do Médicos, dominado pelo grupo islâmico “Irmãos
Muçulmanos”, qualquer especialista que viole a norma e permita este tipo de operações,
será interrogado e castigado.
“Fazemos isto para proteger os muçulmanos pobres
dos cristãos ricos, que lhes compram os órgãos”, explicou o director do Sindicato,
Hamdi El Sayed. Segundo ele, a proibição tem o objetivo de impedir qualquer tentativa
de enganar os pacientes e lhes roubar os órgãos, o que poderia levar a uma crise entre
os fiéis das duas religiões. (CM)