2008-08-15 18:33:42

BENTO XVI: COMO MARIA CRISTÃOS SEJAM SINAIS DE ESPERANÇA E CONSOLAÇÃO


Castel Gandolfo, 15 ago (RV) - O papa presidiu esta manhã, na paróquia de Santo Tomás de Villanova, em Castel Gandolfo, a santa missa por ocasião da solenidade da Assunção de Nossa Senhora.

Diante do triste espetáculo de tantas falsas alegrias e de tanta angustiada dor que se difunde no mundo, devemos aprender com Maria a tornar-nos sinais de esperança e de consolação, devemos anunciar com a nossa vida a ressurreição de Cristo: com essas palavras o Santo Padre concluiu a homilia da referida celebração. Em seguida, ao meio-dia, o pontífice conduziu a oração do Angelus no pátio interno da residência apostólica.

O papa falou do evento "único e extraordinário" da Assunção, ao céu, de Maria, em corpo e alma, "sinal de segura esperança e consolação," para todos nós. "A mais antiga festa mariana _ ressaltou _ é uma ocasião para ascender com Maria às alturas do espírito. Onde se respira o ar puro da vida sobrenatural e se contempla a beleza mais autêntica, que é a santidade."

"A festa de hoje nos impele a elevar os olhos para o céu. E não um céu feito de idéias abstratas, tampouco um céu imaginário criado pela arte, mas o céu da verdadeira realidade, que é o próprio Deus: Deus é o céu. Ele é a nossa meta, a meta e a morada eterna da qual somos provenientes e à qual tendemos."

Quando Maria adormentou-se neste mundo para despertar-se no céu _ explicou o pontífice _ simplesmente seguiu pela última vez o Filho Jesus em sua viagem mais longa e decisiva:

"Como Ele, junto com Ele, ela partiu desse mundo para voltar para a casa do Pai. E tudo isso não está distante de nós, como pode parecer num primeiro momento, porque todos nós somos filhos do Deus Pai, todos nós somos irmãos de Jesus e todos nós somos também filhos de Maria, nossa Mãe. E todos somos propensos à felicidade. E a felicidade à qual todos nós tendemos é Deus, assim todos nós estamos a caminho rumo a essa felicidade, que chamamos céu, que é Deus."

Bento XVI pediu à Virgem nos ajudar a fazer com que todo momento da nossa existência seja um passo neste caminho rumo a Deus, rumo àquela transformação "que concerne a todo ser humano e ao cosmo inteiro":

"Aquela de quem Deus tomou a sua carne e cuja alma fora traspassada por uma espada no Calvário, se encontrou por primeiro e de modo singular associada ao mistério dessa transformação, à qual tendemos todos nós, também nós muitas vezes traspassados pelas espadas do sofrimento deste mundo. A nova Eva seguiu o novo Adão no sofrimento, na Paixão e, assim também, na alegria definitiva. Cristo é a primícia, mas a Sua carne é inseparável da carne de Maria, e nela toda a humanidade está envolvida na Assunção rumo a Deus."

Trata-se de uma transformação que envolve toda a criação porque nascerão novos céus e uma nova terra, "na qual não mais existirá nem pranto, nem lamento, porque a morte não mais existirá":

"Que grande mistério de amor é hoje reproposto à nossa contemplação! Cristo venceu a morte com a onipotência de Seu amor e somente o amor é onipotente e esse Seu amor o impeliu a morrer por nós e assim vencer a morte. Sim, somente o amor faz entrar no reino da vida! E Maria entrou nesse reino após seu Filho, associada à Sua glória, após se ter associada à Sua paixão. Entrou com um ímpeto tal mantendo aberto após a sua passagem o caminho para todos nós. E por isso hoje a invocamos: 'Porta do céu', 'Rainha dos anjos' e 'Refúgio dos pecadores'. Não são certamente os raciocínios que nos farão entender essas realidades tão sublimes, mas simplesmente a fé simples, e o silêncio da oração que infinitamente nos supera e nos ajuda a falar com Deus e a sentir que o Senhor fala ao nosso coração."

A fé de Maria _ ressaltou o papa _ nos faz viver nessa dimensão entre finito e infinito, transformando também o sentido do tempo: e graças a essa fé sentimos "que a nossa vida não está atrelada ao passado, mas atraída rumo ao futuro, rumo a Deus onde Cristo nos precedeu e, após Ele, Maria":

"Olhando para a Assunta ao céu compreendemos melhor que a nossa vida de todos os dias, mesmo marcada por provas e dificuldades, escorre como um rio rumo ao oceano divino, rumo à plenitude da alegria e da paz. Compreendemos que o nosso morrer não é o fim, mas a entrada na vida que não conhece a morte. O nosso ocaso no horizonte deste mundo é um ressurgir na aurora de um mundo novo, do dia eterno."

Em seguida, o pontífice pediu a Maria que nos acompanhe "na fadiga do nosso viver e morrer cotidiano", nos mantendo "constantemente orientados rumo à verdadeira pátria da beatitude":

"Diante do triste espetáculo de tanta falsa alegria e, ao mesmo tempo, de tanta angustiada dor que se difunde no mundo, devemos aprender d'Ela a tornar-nos sinais de esperança e de consolação, devemos anunciar com a nossa vida a ressurreição de Cristo."

No Angelus, o papa recordou: "do Paraíso Nossa Senhora continua velando sempre, especialmente nas horas difíceis da provação, sobre seus filhos, que Jesus mesmo lhe confiou antes de morrer na cruz":

"Quantos testemunhos dessa sua materna solicitude se encontram, visitando os Santuários a ela dedicados! Penso neste momento, especialmente, na singular cidadezinha mundial da vida e da esperança que é Lourdes, onde, se Deus quiser, estarei daqui a um mês, para celebrar os 150 anos das aparições marianas, ali ocorridas."

"Maria Assunta ao céu _ concluiu _ nos indica a meta última da nossa peregrinação terrestre":

"Recorda-nos que todo o nosso ser _ espírito, alma e corpo _ é destinado à plenitude da vida; que quem vive e morre no amor a Deus e ao próximo será transfigurado à imagem do corpo glorioso de Cristo ressuscitado; que o Senhor dispersa os soberbos e exalta os humildes (cfr Lc 1, 51-52). Maria proclama isso eternamente com o mistério da sua Assunção. Que vós sejais sempre louvada, ó Virgem Maria! Rogai ao Senhor por nós."

O Santo Padre concedeu a todos a sua bênção apostólica. (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.