2008-08-11 18:52:38

CARDEAL MARTINO: PEDIR ESMOLA É UM DIREITO


Cidade do Vaticano, 11 ago (RV) - Pedir esmola é um direito. O presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, cardeal Renato Raffaele Martino, em entrevistaao jornal “Il Corriere della Sera”, criticou duramente as medidas que várias prefeituras da Itália adotaram contra a mendicância, dizendo que é necessário intervir para encontrar soluções para a pobreza, e não para escondê-la.

A Rádio Vaticano contatou diretamente o Cardeal Martino. Ouçamos o que nos disse:

Card. Martino – "Coloquemo-nos no lugar de quem pede esmola, excluindo-se naturalmente o que se chama de máfia da esmola, uma forma criminosa que certamente é necessário extirpar. Mas quem pede esmola, por que o faz? Porque tem necessidade. E então quer dizer que os que querem que estas cenas desapareçam não prestam atenção à realidade de quem estende a mão. O que é necessário eliminar é a pobreza, e não quem é impelido pela pobreza a sobreviver".


P. – Cardeal Martino, por que hoje se tem a impressão de que se queira esconder a pobreza ou, de qualquer forma, a manifestação da pobreza?


Card. Martino – "Penso que é uma forma de egoísmo. Com efeito, no sul da Itália se diz: “Quem está de barriga cheia não acredita no jejum”. Queremos olhar para o outro lado, basta a nossa riqueza, o nosso desenvolvimento e os outros quase não existem. Isto é um grave, um grave defeito de quem chegou a um certo nível de desenvolvimento e de riqueza, e esqueceu a solidariedade, esqueceu que no mundo existem os pobres, e que têm necessidade".

 

P. – Cardeal Martino, foram várias as cidades na Itália que adotaram estas medidas contra a mendicância e falamos de grandes cidades, cidades importantes que têm prefeitos inclusive de tendências políticas diversas...


Card. Martino – "Todo administrador público, todo político deveria ter sempre diante dele a pessoa humana, a sua dignidade, quer seja ele um prisioneiro, um condenado à morte, um pobre. É sempre uma pessoa com a mesma dignidade e os mesmos direitos, como cada um de nós. Se esquecemos isto, chegamos então a formas de intolerância que são inadmissíveis, do ponto de vista quer cristão quer humano. Os pobres, que estendem a mão, geralmente não são marginais, não são parasitas. Muito freqüentemente são pessoas que não conseguem ir adiante com o seu salário ou com o que têm à disposição e se vêm obrigadas a se dirigir à solidariedade dos outros. E onde está o amor cristão?". (PL)








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