RELAÇÕES DIFÍCEIS ENTRE IGREJA CATÓLICA E ESTADO CHINÊS
Pequim, 08 ago (RV) – A China, com seus mais de 1,3 mil milhões de habitantes,
representa uma prioridade e uma forte esperança para o futuro da Igreja Católica,
que conta com mais de 12 milhões de fiéis no país, menos de 1% da população total.
Apesar das relações históricas difíceis com o mundo chinês e da tentativa
de aniquilamento da Igreja durante a Revolução Cultural (1966-1976), a comunidade
católica continua a crescer. De fato, conta, hoje, 6 mil igrejas e capelas, mais de
100 Bispos (90% dos quais reconhecidos pela Santa Sé), 1500 seminaristas e 550 religiosas
em formação: estas são as informações divulgadas pelo Centro de Estudos Espírito Santo,
de Hong Kong.
Na China, o poder político integrou a liberdade religiosa na
constituição do país, mas não eliminou completamente a perseguição e o controlo a
que costumava sujeitar as religiões no passado recente. Assim, não obstante as declarações
de princípio sobre a liberdade religiosa e o desejo de boas relações com as religiões,
e a Igreja Católica em particular, continuam a se registrar inúmeros casos de perseguição
e abusos contra líderes cristãos, tanto sacerdotes como leigos.
Neste sentido,
recordamos que o ano de 2007 ficou na história das relações entre o Vaticano e a China,
quando Bento XVI enviou uma "Carta aos Bispos, aos presbíteros, às pessoas consagradas
e aos fiéis leigos da Igreja Católica na República Popular da China".
Na missiva,
o Papa criticava as políticas restritivas da China, que "sufocam" a Igreja e dividirem
os fiéis entre o ateísmo oficial e um catolicismo "clandestino". Ele aproveitou também
para apontar os sinais de abertura na Igreja da China, nos últimos anos, de uma maior
liberdade religiosa". Enfim, ele deixou seu apelo à unidade e à reconciliação no país.
Embora
o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite
a existência de Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica,
que tem 5,2 milhões de fiéis. Fora do controlo da Associação Patriótica da China,
contudo, milhões de fé vivem a fé católica de forma clandestina.
A sobrevivência
da Igreja na China pode ser considerada como um “milagre”, mas é ultrapassado pelo
seu crescimento quase irreparável, nos nossos dias. Segundo alguns sacerdotes chineses,
o número de conversões anuais ao Cristianismo poderia chegar aos 100 mil, apesar das
grandes dificuldades sentidas pelos fiéis que não se sujeitam ao regime de Pequim.
O Vaticano tem manifestado, diversas vezes, o desejo de que a China
respeite a liberdade de culto e de religião no país, cuja ausência afeta, de modo
especial, mais de 8 milhões de católicos, que vivem a sua fé na clandestinidade.
No
início de 2007 decorreu uma reunião de alto nível, convocada por Bento XVI, para abordar
"os problemas eclesiais mais graves e urgentes, que esperam uma adequada solução em
relação aos princípios fundamentais da constituição divina da Igreja e da liberdade
religiosa".
Segundo comunicado oficial da Sala de imprensa da Santa Sé, os
responsáveis da Cúria Romana e da Igreja asiática, presentes no Vaticano, asseguraram
a sua vontade de trabalhar para uma "normalização das relações" com a China, em vários
níveis.
O encontro sobre a situação da Igreja Católica na China, presidido
pelo Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, contou com a participação,
entre outros, dos prelados de Hong Kong, Taiwan e Macau. (MT)