Roma, 08 ago (RV) -Alcançar “um alto grau de caridade cristã” na vida de todos
os dias. É o que ajuda a fazer a obra Filotea (Amigo de Deus), ou seja, introdução
à vida consagrada que, justamente no dia 8 de agosto de 1608, São Francisco de Sales
publicava. Um livro no qual se respira uma espiritualidade exigente, mas ao alcance
de todos e que representa uma prática concreta das virtudes para descobrir Deus no
próprio eu. Passados exatos 400 anos de sua publicação, o que há de atualidade nessa
obra? Foi o que a Rádio Vaticano procurou saber do docente de espiritualidade salesiana
da Pontifícia Universidade Salesiana de Roma, Pe. Józef Struś. Eis o que disse:
Pe.
Józef Struś:- “O desejo de São Francisco de Sales era de que os
cristãos, de modo particular os leigos, se convencessem de que também eles são chamados
à santidades, de que o caminho de perfeição cristã é para todos e não somente para
os sacerdotes, para os religiosos. É claro que 400 anos é muito e, portanto, sob certos
aspectos como a linguagem e algumas comparações que usa, a obra certamente envelheceu.
Por outro lado, quando olhamos para as edições nos damos conta de que a Filotea
é reeditada com uma certa freqüência. Significa que como doutrina, como propostas,
e no que diz respeito às intenções do autor, certamente permanece uma obra muito válida.”
P.
Trata-se de uma reflexão imersa na realidade concreta, como que demonstrando que se
pode viver na cotidianidade e, ao mesmo tempo, alcançar a santidade...
Pe.
Józef Struś:- “Certamente essa foi a sua preocupação. O que ele
via como indispensável era justamente o fato de superar a idéia de que a santidade
era somente para alguns eleitos. Ao invés, como disse já nas primeiras páginas da
Filotea, quem vive na corte real, quem vive na vida de uma família simples,
é chamado à santidade.”
P. A Filotea, a Imitação de
Cristo, o que representaram no caminho em busca de Deus?
Pe.
Józef Struś:- “Representaram e insistem sobre a necessidade de colocar
ordem na vida espiritual, que a Deus seja reservado o primeiro lugar e que tudo o
mais não deve absolutamente ser deixado de lado, mas vivido, porque é da vontade de
Deus que as pessoas permaneçam fiéis à própria vocação. Vocação que se refere não
somente à vida sacerdotal e religiosa, mas também à vida laical. Mas em cada uma das
vocações é importante que, colocando Deus em primeiro lugar, Ele seja percebido, reconhecido
como Deus-Amor.” (RL)