(8/8/2008) Com a realização da cerimónia de abertura da 29.ª Olimpíada, a China será
o centro do mundo durante 17 dias, e espera que a partir de hoje se fale apenas de
desporto. Os Jogos de Pequim constituem a locomotiva da versão moderna do Grande
Salto em Frente e um factor de orgulho patriótico. Contudo, se organizar tal evento
significa a melhor montra para o mundo espreitar e comprovar o desenvolvimento económico
da nação, também implica a possibilidade de expor as suas debilidades. A organização
não deixou nada ao acaso. Além dos perigos habituais, a obsessão pela segurança está
relacionada com o receio de existência de protestos. A China sofreu fortes críticas
nos últimos meses por causa do seu historial nos direitos humanos, que continuam na
ordem do dia. Na terça-feira, as autoridades chinesas revogaram o visto do americano
Joey Cheek, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim e fundador do
Team Darfur, uma associação de atletas que pretende chamar a atenção para o problema
daquele país africano. A China pede para não se politizar os Jogos. "É nossa esperança
juntarmo-nos ao resto do mundo na construção de um futuro melhor", disse há poucos
dias o Presidente chinês, Hu Jintao. Demasiado tarde. Ainda ontem, mais de 120 atletas,
40 dos quais estão em Pequim, assinaram uma carta aberta dirigida ao Governo chinês,
pedindo-lhe para respeitar os direitos humanos.