A VIDA DA IGREJA NÃO PÁRA: LONGO ENCONTRO DO PAPA COM O CARDEAL SECRETÁRIO DE ESTADO
TARCISIO BERTONE
Bressanone, 04 ago (RV) - O papa passou o seu primeiro domingo em Bressanone
em clima marcado pela alegria, pelas recordações, pela oração e pela beleza da criação.
Entretanto, esta manhã chegou à localidade do Alto Adige o cardeal secretário de Estado,
Tarcisio Bertone, que retomando as palavras do papa no Angelus, fez votos de que tenham
bom êxito as Olimpíadas de Pequim. O purpurado louvou os sinais de abertura dados
pelas autoridades chinesas. A presença do cardeal Bertone ressalta que o período
de repouso do papa não é certamente ausência de trabalho. A reflexão do diretor da
Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi: Pe. Lombardi – Os
problemas da Igreja naturalmente vão em frente; não param no tempo do verão. Portanto,
um encontro de atualização sobre as questões mais urgentes com o secretário de Estado
era importante, porque havia cerca de 2 semanas que não se tinha um encontro amplo
entre o papa e o secretário de Estado. O encontro desta manhã foi demorado: prolongou-se
por quase duas horas. P. – Ontem à tarde, o papa, inesperadamente, fez seu
primeiro passeio, visitando, aliás, um lugar de oração. Até isto denota que o papa
se sente feliz por ter encontrado em Bressanone uma dimensão que lhe é familiar... Pe.
Lombardi – Sim, certamente. Diria que enquanto a primeira semana foi dedicada
muito ao recolhimento, a segunda pode ser uma semana de retomada de um certo número
de compromissos. Para falar a verdade, esta saída não fora programada antecipadamente
e é por isto que foi uma coisa de surpresa! O papa é livre de decidir no último momento
se deseja aproveitar a tarde para fazer um breve passeio. Foi visitar a Igreja de
Santo André, diante da qual se encontra um pequeno monumento dedicado a um compositor
musical, que o papa conhece bem. Já para amanhã, terça-feira, está programado um deslocamento
mais empenhativo porque o papa tem intenção de ir a Oies, em Val Badia, ao lugar natal
de São Josef Freinademetz, grande missionário da China, verbita, que foi canonizado
há poucos anos. Trata-se de uma figura muito importante para todo o Alto Adige: é
o santo deles. O fato que o papa deseje ir prestar homenagem a esta grande figura
de missionário, e de missionário na China – tema de grande atualidade, muito presente
na oração do papa – é algo importante e seria belo se se pudessem unir a esta visita
muitas pessoas. P. – Quarta-feira haverá o encontro do papa com os sacerdotes
da diocese, momento que, como já aconteceu nos anos passados em Les Combes e em Lorenzago,
o papa oferecerá motivos de reflexão que vão bem além da realidade local... Pe.
Lombardi – Sempre achei estes encontros do papa com o clero extremamente ricos de
considerações e de considerações profundas. O papa deseja estar num ambiente tranqüilo,
mesmo um pouco reservado, com os seus sacerdotes, mas não porque diga coisas que não
se devam saber, mas para que haja este clima de familiaridade do pastor com os cooperadores
no ministério presbiteral. Mas os temas abordados, com já aconteceu também nos anos
passados, em encontros similares, têm um horizonte muito amplo e se referem aos problemas
da pastoral. Os sacerdotes são livres de fazer as perguntas que quiserem e muitas
vezes levantam questões substanciais para a vida da Igreja nos nossos dias. Como o
encontro se realiza nesta região, parte das perguntas e parte das respostas serão
em italiano, mas provavelmente a maioria será em alemão. Este fato lhe dará também
possibilidade provavelmente de exprimir-se com particular facilidade, densidade e
profundidade. Enquanto se espera o encontro do Santo Padre com o clero, quarta-feira
próxima, os fiéis de Bressanone viveram ontem um domingo inesquecível: o papa deixou-lhes
duas mensagens importantes. Nos dois eventos públicos, que marcaram o primeiro
domingo do papa em Bressanone, o Angelus e a visita à igreja paroquial ligada à catedral,
onde o papa pôde saudar alguns portadores de deficiência, Bento XVI destacou a alegria
na oração e o dever de doar-se ao próximo. O pontífice se disse particularmente
feliz por poder visitar novamente essa pequena igreja, na ocasião lotada de fiéis.
Confidenciando que ali rezou muito em férias passadas, falou do valor da oração: “Na
oração todos somos unidos. O Senhor nos acompanha e rezo por vocês: rezem também por
mim, para que possamos em todos os problemas da vida também sempre sentir a bondade
do Senhor e assim ir em frente nos dias difíceis e nos dias belos”. Pouco antes,
por ocasião da oração mariana do Angelus, durante a qual lembrou a figura de Paulo
VI e a iminente abertura das Olimpíadas de Pequim, o papa elevou um verdadeiro hino
de ação de graça ao Senhor pelas belezas da criação: “O sol e a luz, o ar que
respiramos, a água, a beleza da terra, o amor, a amizade e a própria vida". Todos
estes bens – destacou o papa – “não podemos comprá-los, mas nos são dados”. São bens
que “nenhuma ditadura, nenhuma força destruidora nos pode roubar”. Ser amados por
Deus “que em Cristo conhece e ama cada um de nós”, disse ainda, “ninguém nos pode
tirar; enquanto tivermos isto, não somos pobres, mas ricos”. “Se recebemos
de Deus tão grandes dons, devemos também, da nossa parte, doar, em âmbito espiritual,
doar bondade, amizade e amor, mas também em âmbito material". O Evangelho, com efeito,
“fala da partilha do pão”. Devemos dar a todos os necessitados também dons materiais,
procurando, assim, “tornar a terra mais humana, ou seja, mais próxima a Deus”. “Devemos
ser pessoas que doam porque somos pessoas que recebem”, concluiu o papa. (PL)