2008-07-30 18:43:33

OBSERVADOR PERMANENTE DA SANTA SÉ JUNTO AOS ESCRITÓRIOS DA ONU EM GENEBRA DIZ QUE FALIMENTO DA CÚPULA DA OMC DANIFICA OS PAÍSES POBRES


Genebra, 30 jul (RV) - Como é sabido, fracassou clamorosamente a cúpula da Organização Mundial do Comércio (OMC). Após nove dias de reuniões e negociações, o encontro terminou, na noite passada em Genebra, com um falimento substancial quanto às medidas principalmente a favor dos países em via de desenvolvimento, a adotar nos setores da agricultura e das taxas alfandegárias. O diretor da OMC, Pascal Lamy, ressaltou as divergências, em partucular entre os gigantes asiáticos, China e Índia, e os Estados Unidos.

A falta de um acordo final, depois de sete anos de negociações suscitou uma série de polêmicas em nível internacional entre os que defendiam um acordo a todo o custo e os que consideram ainda necessário continuar as negociações. De qualquer forma, resta em muitos a sensação de que se perdeu uma ocasião importante para reduzir o desequilíbrio entre países pobres e países ricos. Sobre o assunto, a Rádio Vaticano foi ouvir o comentário do Observador Permanente da Santa Sé junto aos escritórios da ONU, em Genebra, Dom Silvano Maria Tomasi:

D. Tomasi"Embora a cúpula tenha deixado benefícios, porque foram alcançados vários acordos, não se chegou a uma conclusão final. Este fracasso provoca na verdade conseqüências importantes quer sob o aspecto do sistema multilateral, quer para os países em via de desenvolvimento, que se encontrarão ainda isolados do acesso aos mercados. Desta forma, não se resolverão as desigualdades que existem entre países ricos e países pobres, as quais não podem ser preenchidas simplesmente pela ajuda que se dá, sendo portanto necessário encontrar um mecanismo mais justo de participação."

P. – O que impressiona, D. Tomasi, é o aspecto ético, a persistência de egoísmos nacionais. E é ainda mais impressionante que estes egoísmos provêm não só de países já ricos, mas também de países em via de forte desenvolvimento, dos novos “tigres” dos mercados globais...

D. Tomasi "Há vários níveis que deveriam ser analisados para compreender o fracasso destas negociações. Há razões políticas e técnicas, tem o interesse imediato devido ao comércio e ao acesso por parte de alguns aos mercados mais apetitosos. É certo que nestas situações as novas potências econômicas emergentes fizeram ouvir a sua voz de maneira decidida, por razões ligadas também às suas políticas internas. E assim nos encontramos diante de uma situação nova. No xadrez mundial existem forças e países que devem não só ser devidamente considerados, mas que devem também sentir uma responsabilidade particular para com os países mais pobres."

P. – Dom Tomasi, o senhor falava de questões técnicas... Na sua opinião, não acha que a comunidade internacional deveria repensar um método para tomar decisões?

 D. Tomasi"O estatuto da Organização Mundial do Comércio diz que deve haver consenso para as decisões que se adotam. A situação dentro da Organzação Mundial do Comércio complicou-se muito porque nos últimos anos se tornaram membros muitos países pobres e em via de desenvolvimento. A situação objetivamente é muito complexa, mas isto não quer dizer que se deve renunciar à negociação multilateral ou que é necessário fazer com que um pequeno grupo possa falar por todos os países, porque deste modo os interesses dos países mais fracos não seriam adequadamente representados. Dever-se-ia, ao contrário, colocar em prática o regulamento que exige que as decisões sejam tomadas por consenso, de modo que todos possam realmente participar de maneira eficaz em tomar as decisões que interessam a toda a comunidade global." (PL)
 







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