IGREJA NO QUÊNIA PREOCUPADA COM REVOLTA DOS ESTUDANTES NO PAÍS
Nairóbi, 25 jul (RV) - A onda de violência nas escolas quenianas não tem trégua:
além das escolas públicas, também diversos institutos particulares estão em revolta,
dentre eles também as escolas católicas. A polícia afirmou ter detido cerca de 70
estudantes.
Em todo o Quênia, são mais de 300 as escolas secundárias que participam
da revolta. Em diversos casos, estudantes saquearam e queimaram as estruturas escolares
e também o dormitório do seminário menor "Regina dos Apóstolos" da arquidiocese de
Nairóbi. O arcebispo de Nairóbi, Cardeal John Njue, deu uma coletiva de imprensa anteontem
para explicar a posição da Igreja diante da situação.
Em mensagem assinada
pelo presidente da Comissão para a Educação da Conferência Episcopal do Quênia, dom
Maurice Anthony Crowley, os bispos exprimem sua "grande preocupação pela onda de violência
e de desordens nas escolas secundárias", que, segundo eles, se tornou um problema
nacional.
"A amplitude das violências e da destruição de bens é um sinal evidente
da degradação social dos valores e do senso de responsabilidade", afirmam. Para os
bispos, existem diversas causas que estão provocando a fúria dos estudantes. Dentre
elas, o trauma vivido no país durante os recentes confrontos étnicos e a falta de
responsabilidade política, pois os estudantes "estão imitando aquilo que os adultos
fizeram em janeiro e fevereiro deste ano, durante os confrontos pós-eleitorais".
Ainda
entre as causas, os prelados apontam a ausência de um espírito de tolerância e de
perdão; a falta de um guia e de controle dos pais; o descontentamento dos jovens por
não sentirem-se parte da sociedade; a falta de tempo e de lugares de socialização;
a rigidez do sistema escolar, orientado apenas para o êxito nas provas; o medo em
relação ao futuro e ao desemprego; e a proliferação das drogas.
Na mensagem,
são fornecidas algumas indicações para sair desta situação, lembrando antes de tudo
a responsabilidade de cada um, dos pais, dos professores, dos estudantes, dos políticos
e dos meios de comunicação.
Os bispos pedem um ano de suspensão para os estudantes
responsáveis pelas violências; que os celulares sejam banidos das escolas, medida
que já foi adotada pelo governo; além de convidarem os meios de comunicação a não
enfatizar as notícias sobre os confrontos, para não alimentar processos de imitação.
Sobre as vozes a favor da reintrodução de punições físicas, os bispos se declaram
contrários a esta solução. (BF)