2008-07-23 13:56:20

Igreja enfrenta desafio da Mudança: Bispo do Porto fala de inevitável reconfiguração comunitária da vida cristã


(23/7/2008)
D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, considera que a Igreja Católica em Portugal vai enfrentar uma “inevitável reconfiguração da comunidade cristã”. O prelado falava em Fátima, diante do Colégio Internacional das Equipas de Nossa Senhora.
Numa conferência dedicada à situação da Igreja no país, D. Manuel Clemente assinala que “a capacidade das paróquias e outros centros comunitários de integrarem uma população cada vez mais fluida nos percursos individuais e familiares é efectivamente reduzida e, nalguns casos, cada vez mais problemática”.
A Igreja enfrenta “dificuldades em formar e manter comunidades fixas numa sociedade tão fugaz e movediça como a actual”, em que as “redes” de comunicação, “concretamente televisivas e informáticas, não se definem em termos territoriais”.
O Bispo do Porto considera que, “com a normal resistência da religiosidade arcaica e realmente pré-cristã, que continua a ter como únicos artigos do seu credo “ a terra, o sangue e os mortos” – prevalecendo a terra e a capela de cada grupo, os laços do sangue e o descanso dos respectivos falecidos -, as grandes propostas do Concílio Vaticano II vão tendo alguma recepção, como o actual contexto sócio-cultural mais exige”.
Neste contexto de mudança, D. Manuel Clemente destaca a importância de Fátima, “um grande centro espiritual, verdadeiramente nacional, tanto como internacional”, com os seus mais de 5 milhões de peregrinos anuais.
O prelado lembra ainda que a Igreja em Portugal conta com centenas de associações de fiéis da mais diversa índole, do estritamente “religioso” ao “mais abertamente social e sócio-caritativo”.
“É também por aqui que a Igreja Católica mais se aproxima da sociedade e dos seus problemas, como é geralmente reconhecido. No entanto, é crescentemente difícil garantir a sucessão dos responsáveis dessas associações, também por causa das múltiplas deslocações de residência ou trabalho, ou por alguma resistência ao compromisso, tão própria da atmosfera pós-moderna, individualista e errática, geográfica e mentalmente”, alerta.
O Bispo do Porto fala ainda de múltiplas “acções de evangelização de grupos, movimentos e famílias, com grande empenho e criatividade laicais”. “Podem ser famílias que transformam os seus lares em pontos de acolhimento e partilha cristã nos respectivos prédios; podem ser acções conjuntas de evangelização e missão popular, envolvendo paróquias, congregações e movimentos; podem ser novas formas de missão à distância, com geminação de paróquias europeias e ultramarinas; podem ser “sítios” e ‘blogues’ na Internet… De tudo um pouco se vai constatando em Portugal”, assinala.
“Estas e outras realidades do catolicismo português contemporâneo revelam a sua considerável vitalidade, mas não resolvem para já o problema pastoral acima indicado, isto é, o da reconfiguração comunitária da vida cristã”, indica.








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