Concluída a Jornada Mundial da Juventude, Bento XVI deixou a Austrália para regressar
a Roma.
(21/72008) Bento XVI deixou nesta segunda feira a cidade australiana de Sidney, concluindo
a nona visita ao estrangeiro do seu pontificado, iniciado em Abril de 2005. A mais
longa viagem do actual Papa ficou marcada pela celebração da Jornada Mundial da Juventude,
com centenas de milhares de jovens de todo o mundo. A chegada a Roma está prevista
cerca das 23h00 de hoje À partida, no aeroporto de Sidney, o Papa fez questão de
sublinhar que “foram os jovens a fazer desta jornada “ um evento eclesial de carácter
global……. uma grande celebração da juventude, uma grande celebração daquilo que significa
ser Igreja, Povo de Deus no meio do mundo, unido na fé e no amor e habilitado pelo
Espírito a levar o testemunho de Cristo ressuscitado até aos confins da terra”. Após
ter agradecido a presença de peregrinos de todo o mundo – nalguns casos, depois de
“grandes sacrifícios -, às autoridades civis e militares, aos organizadores, populações
e famílias australianas e neozelandesas que acolheram os participantes na JMJ, Bento
XVI passou em revistas alguns momentos mais marcantes “destes dias emocionantes”.
A visita ao túmulo da Beata australiana, Mary MacKillop, a Via Sacra nas ruas
de Sidney, o encontro com os jovens em Darlinghurst e com responsáveis ecuménicos
e de outras religiões foram enunciados antes dos “pontos culminantes”, vividos na
vigília de Sábado e na Missa de Domingo, com cerca de mais de 400 mil peregrinos.
“Aquelas experiências de oração, a nossa jubilosa celebração da Eucaristia foram
um testemunho eloquente da obra vivificante do Espírito Santo, presente e activo no
coração dos nossos jovens. A Jornada Mundial da Juventude mostrou-nos que a Igreja
pode alegrar-se com os jovens de hoje e sentir-se repleta de esperança quanto ao mundo
de amanhã.” Desde a passada Quinta-feira, nos vários encontros com os jovens peregrinos,
autoridades políticas e responsáveis religiosos na Austrália, Bento XVI sublinhou,
sobretudo, duas questões principais: o papel da fé na vida pessoal e no espaço público,
num mundo cada vez mais marcado pelo relativismo e a secularização; a preocupação
com o futuro da humanidade, seja pela exploração dos recursos do planeta, seja pelo
desnorte em termos de princípios e valores. A estas temáticas, juntaram-se outros
temas de particular relevo, como o diálogo entre cristãos e entre religiões ou os
direitos dos aborígenes – com mais visibilidades nas várias cerimónias da JMJ, onde
houve sempre lugar para manifestações das culturas nativas da Oceânia. A viagem
à Austrália foi ainda oportunidade para o Papa pedir desculpa pelos casos de abusos
sexuais de menores, por parte do clero, situações classificadas como uma “vergonha”,
que devem implicar a Igreja no apoio às vítimas e na condenação dos seus responsáveis,
inclusive diante da justiça. Nesta segunda-feira, antes da partida, Bento XVI
celebrou Missa na pequena capela da Cathedral House na presença de um “grupo representativo”
de vítimas, “como expressão da sua solicitude pastoral” para com estas pessoas. Presentes
4 vitimas dois homens e duas mulheres. Com o Papa concelebraram o cardeal Jorge Pell,
arcebispo de Sidney, o substituto da Secretaria de Estado , D. Fernando Filoni e os
dois secretários de Bento XVI. Segundo comunicado oficial da Santa Sé, neste encontro
– não previsto no programa original da viagem – o Papa “ouviu as suas histórias” e
“consolou” estas pessoas. “Assegurando a sua vizinhança espiritual, (o Papa) prometeu
que continuará a rezar por elas, pelas suas famílias e por todas as vítimas. Com este
gesto paterno, o Santo Padre quis demonstrar mais uma vez a sua solicitude em relação
aos que sofreram por causa dos abusos sexuais”, indicou a Santa Sé.