Sydney, 18 jul (RV) - Bento XVI iniciou cedo suas atividades em Sydney, com
a celebração da Missa, em particular, na Capela da sede episcopal.
Depois
do café da manhã, o Papa concedeu, na sala de visitas, uma série de audiências ao
Governador e ao Primeiro Ministro de Nova Gales do Sul, Marie Bashir e Morris Iemma,
o prefeito de Sydney, senhora Clover More, todos com suas respectivas famílias.
A
seguir, o Santo Padre transferiu, de automóvel, à Catedral de Santa Maria, onde, na
cripta, participou de um encontro ecumênico, com cerca de 40 líderes de outras Igrejas
e Confissões cristãs e membros do Conselho Ecumênico da Nova Gales do Sul.
Depois
da saudação do cardeal-arcebispo de Sydney, Dom George Pell, e do Bispo anglicano,
Robert Forsythe, o Pontífice tomou a palavra e expressou sua satisfação pela oportunidade
de se encontrar e rezar com os representantes de várias comunidades cristãs da Austrália.
A Austrália, disse o Papa, é um país caracterizado por grande diversidade
étnica e religiosa. Os imigrantes chegam às praias desta majestosa terra com a esperança
de encontrar felicidade e trabalho. E acrescentou:
A sua nação reconhece
a importância da liberdade religiosa. Esta é um direito fundamental que, se respeitado,
permite aos cidadãos agirem, tomando por base valores arraigados nas suas convicções
mais profundas, contribuindo assim para o bem-estar da sociedade inteira. Deste modo
os cristãos contribuem, juntamente com os membros das outras religiões, para a promoção
da dignidade humana e para a amizade entre as nações.
Os australianos,
frisou o Papa, gostam de um confronto franco e cordial, o que contribuiu para um bom
serviço ao movimento ecumênico. Neste sentido, recordou a celebração, este ano, do
bimilenário de nascimento de São Paulo, apóstolo incansável da unidade na Igreja primitiva.
O Sacramento do Batismo, disse Bento XVI, é o vínculo da unidade e, de conseqüência,
o ponto de partida de todo o movimento ecumênico, que visa a celebração comum da Eucaristia,
sacramento por excelência da unidade da Igreja.
Embora ainda haja obstáculos
a serem superados, recordou o Papa, um diálogo sincero sobre a Eucaristia seria útil
para o progresso do movimento ecumênico e para unificar o nosso testemunho diante
do mundo.
A propósito, o Santo Padre disse que o movimento ecumênico chegou
a um ponto crítico. Para avançar, devemos pedir continuamente a Deus que renove as
nossas mentes com a graça do Espírito Santo:
Devemos precaver-nos contra
toda tentação de considerar a doutrina como fonte de divisão e, de conseqüência, como
impedimento daquilo que parece ser a tarefa mais urgente e imediata: melhorar o mundo
onde vivemos. O diálogo ecumênico progride, não só mediante um intercâmbio de idéias,
mas também partilhando dons que nos enriquecem mutuamente: o dom e o amor são essenciais
para o diálogo.
A pedra angular de todo o nosso esforço, disse o Papa,
é Cristo. Eis porque os cristãos devem trabalhar juntos para que o edifício seja firme.
O
Santo Padre concluiu expressando sua ardente esperança de se prosseguir juntos no
caminho rumo à plena unidade, mediante o testemunho comum.
Encontro Ecumênico
e com líderes de outras Religiões Depois do encontro Ecumênico,
na cripta da Catedral de Santa Maria, o Bispo de Roma se transferiu à vizinha Sala
Capitular, onde manteve um encontro com representantes de outras Religiões e Confissões
Religiosas.
Depois dos discursos do cardeal George Pell, arcebispo de Sydney,
e de um representante da comunidade judaica e de um da religião muçulmana, o Pontífice
dirigiu uma cordial saudação de paz e de amizade a todos os representantes das várias
tradições religiosas presentes na Austrália.
Ao agradecer o Rabino Jeremy
Lawrence e o Xeque Femhi Naji El-Imam pelas cordiais saudações o Santo Padre destacou
que a Austrália reconhece e respeita o direito fundamental da liberdade de religião
e acrescentou:
A harmoniosa relação entre religião e vida pública é importante
numa época como a nossa, em que alguns chegam a considerar a religião como causa de
divisão ao invés de força de unidade. Num mundo ameaçado por indiscriminadas formas
de violência, a voz concorde dos que possuem espírito religioso incita as nações e
as comunidades a resolverem os conflitos, através de instrumentos pacíficos e no pleno
respeito da dignidade humana”.
A religião deve colocar-se a serviço da
humanidade, no respeito da pessoa, tecendo laços de amizade, indo ao encontro das
necessidades dos outros e buscando caminhos concretos para contribuir para o bem comum.
Todos estes valores são importantes para uma adequada formação dos jovens. Enfim,
referindo-se à sua viagem à Austrália, no âmbito do DMJ, Bento XVI concluiu:
Queridos
amigos, vim à Austrália como embaixador de paz! Por isso, sinto-me feliz de encontrar-me
com os senhores, que também partilham do anseio e do desejo de ajudar o mundo a alcançar
a paz. A nossa busca da paz deve ser de mãos dadas. O nosso esforço de chegar à reconciliação
entre os povos brota da verdade que dá sentido à vida. A religião oferece a paz, mas
gera no espírito humano a sede da verdade e a fome da virtude.
Com estes
sentimentos de respeito e encorajamento, o Papa se despediu prometendo suas orações
por pelos membros das comunidades religiosas e por todos os habitantes da Austrália. Almoço
com 12 jovens, Via-Sacra e encontro com jovens em recuperação Depois
do encontro com os representantes de outras Religiões, Bento XVI deixou a Catedral
de Santa Maria e regressou à sede episcopal de Sydney, onde almoçou com o cardeal-arcebispo
de Sydney, Dom George Pell, e com um grupo de 12 jovens, representantes dos cinco
continentes, entre os quais uma brasileira da Bahia. Os jovens deram ao Papa presentes
típicos de seus países. A brasileira deu-lhe uma camiseta do seu estado.
Na
parte da tarde, o Pontífice se deslocou à praça diante da Catedral de Santa Maria
de Sydney, para uma sugestiva e espetacular Via-Sacra, cujas estações foram representadas
e animadas por jovens atores do DMJ. O Papa deu início à Via-Sacra e, depois, seguiu
as demais estações, através de uma televisão, na cripta da Catedral.
Ao término
do rito sagrado, Bento XVI transferiu-se à Capela do Sagrado Coração da Universidade
de “Notre Dame”, onde manteve um encontro com um grupo de jovens dependentes de droga
e álcool da Comunidade de Recuperação “Alive”, acompanhados de seus familiares.
No
discurso que pronunciou, o Santo Padre expressou seu apreço pelo programa que seguem
e perguntou: “O que quer dizer viver plenamente a vida”? Quantas vezes a nossa sociedade
materialista nos apresenta a felicidade com falsos ídolos, bens e objetos de luxo,
levando-nos à morte antes que à vida. Recordando a passagem evangélica do Filho
Pródigo, o Papa disse que, muitos jovens passam por tal experiência e depois se arrependem.
O abuso de drogas ou de álcool ou então a participação de atividades criminosas é
o resultado de um passo falso. Aos arrependidos, que tiveram a coragem de voltar aos
seus passos e de retomarem a vida com confiança, o Pontífice afirmou:
Queridos
amigos, vejo vocês como embaixadores da esperança para os se encontram em idênticas
situações. Podeis convencê-los da necessidade de optar pelo caminho da vida e fugir
do caminho da morte, com base na própria experiência. Vocês podem voltar a seguir
as pegadas de Jesus, pois Ele os acolhe de braços abertos, oferecendo-lhes o seu amor
incondicional e a sua profunda amizade, proporcionando a plenitude da vida.
Bento
XVI concluiu sua mensagem aos jovens do Centro de Recuperação de Sydney, com a citação
bíblica: «Escolham a vida, para que possam viver amando o Senhor».
O Papa
se despediu dos jovens presentes invocando o Espírito Santo, para que os guie no caminho
da vida, a fim de que deixem de lado as opções erradas, que só levam à morte, e se
apeguem a Jesus, verdadeira Vida. Por fim, o Bispo de Roma deixou aos jovens presentes
e a todos os que participam do DMJ a seguinte exortação: “Com a força do Espírito
Santo, escolham a vida e o amor e sejam testemunhas da alegria no mundo”!
Ao
término do encontro, foram apresentados ao Papa 20 jovens da comunidade de Recuperação,
com seus acompanhadores.
Deixando a Capela da Universidade de “Notre Dame”,
o Bispo de Roma regressou à sede episcopal da Catedral de Sydney, onde jantou e pernoitou.
(MT)