Escolher a vida e o verdadeiro amor – esta a proposta de Bento XVI aos jovens em dificuldade
que participam no Programa de recuperação “Alive”, da Universidade Notre Dame.
(18/7/2008) Um numeroso grupo que o Papa encontrou nesta sexta-feira de manhã, na
igreja do Sagrado Coração de Jesus, desta Universidade Católica. O Santo Padre
partiu precisamente do nome deste Programa de intervenção – “Alive” (que quer dizer
VIVO) – para se interrogar sobre o que quer realmente dizer “estar vivo”, viver plenamente
a vida, observando:
“Isto é o que todos nós queremos, especialmente na juventude,
e é isto o que Cristo quer para nós. Assim falou Ele: «Eu vim para que tenham vida,
e a tenham em abundância» (Jo 10, 10). O instinto mais radicado em todo o ser vivo
é conservar a vida, crescer, desenvolver-se e transmitir aos outros o dom da vida.”
Aludindo
ao texto bíblico em que Moisés recorda que cada um se encontre perante a alternativa
de escolher entre a vida ou a morte, a felicidade ou a maldição, o que corresponde
a seguir o Deus vivo e verdadeiro, rejeitando todos os “ídolos”, Bento XVI evocou
algumas das formas de idolatria que nos podem tentar hoje em dia – como a acumulação
egoísta dos bens ou um modo menos correcto de viver o amor:
“Para viver,
temos necessidade de alimento. Mas, se formos glutões, se recusarmos partilhar o que
temos com o faminto e o pobre, então transformamos estes bens numa falsa divindade.
Quantas vozes se levantam na nossa sociedade materialista dizendo-nos que a felicidade
se encontra dotando-se da maior quantidade possível de bens e de objectos de luxo!
Mas isto significa transformar os bens em falsas divindades. Em vez de nos trazer
a vida, levam-nos à morte.”
O mesmo se diga do amor, que, quando é autêntico
é certamente coisa boa:
“O amor dá satisfação à nossa carência mais profunda;
e, quando amamos, tornamo-nos mais nós mesmos, tornamo-nos humanos de forma mais plena.
E todavia como se pode facilmente transformar o amor numa falsa divindade! As pessoas
muitas vezes pensam que estão a amar, quando na realidade procuram possuir ou manipular
o outro. Por vezes tratam-se os outros mais como objectos para satisfazer as próprias
necessidades do que como pessoas que se devem prezar e amar… Isto é adorar uma falsa
divindade. Em vez de nos trazer a vida, leva-nos à morte.” “O culto dos bens materiais,
o culto do amor possessivo e o culto do poder – observou o Papa - levam muitas vezes
as pessoas a «comportar-se como se fossem Deus»: procurar assumir o controle total,
sem ter qualquer consideração pela sabedoria ou pelos mandamentos que Deus nos deu
a conhecer. Este é o caminho que conduz à morte. Pelo contrário, a adoração do único
Deus verdadeiro significa reconhecer n’Ele a fonte de tudo o que é bem, confiarmo-nos
nós mesmos a Ele, abrirmo-nos à força regeneradora da sua graça e obedecer aos seus
mandamentos: este é o caminho para quem escolhe a vida.
Quase a concluir
a sua alocução aos jovens em vias de recuperação, Bento XVI evocou a parábola do “filho
pródigo” e o caminho de regresso à vida que ali Jesus exemplifica. O Papa referiu
mesmo algumas das possíveis escolhas erradas que agora se deploram: “a decisão de
abusar de droga ou álcool, de entrar em actividades criminosas ou autolesivas”… que
porventura se apresentavam – erroneamente - “como um caminho para sair duma situação
de dificuldade ou de confusão”, quando, na verdade, em vez de trazer a vida, representaram
a morte. Elogiando a coragem de que estes jovens deram provas ao aceitar este
processo de recuperação, Bento XVI confiou-lhes uma missão: o de serem “embaixadores
de esperança para quantos se encontram em idênticas situações”.